Após o portão grande

Nasci, hum... que grama verdinha e que leite gostoso da minha mãe!

Ah... como é bom correr pelos campos, ups! tropecei num buraco.

Ah... que mundo bom! como comida boa, ração, algumas vagens deliciosas e muita água fresca.

Estou cada vez mais gordinho e grande.

A minha cabeça começou a coçar, me disseram que é assim mesmo quando os chifres estão começando a nascer.

Me sinto mais forte e já sou grande hoje é meu terceiro ano de vida, sou adulto e feliz, mas me disseram que tem alguns como eu, que entram em caminhões horríveis, sujos e super apertados, fazem uma viajem e não voltam mais, nem sei para onde vão.

Mas eu não, sou bem tratado e bem alimentado.

Tenho uma vida muito boa e sou feliz.

..........Certo dia pela manhã...

Agora a pouco, laçaram minha cabeça e me puxaram com força, arrastaram-me para o caminhão sujo, que cheiro horrível!! porque fizeram isso?não me deram nem a comida...

Opa! estão me escovando... isso é bom.

Ouço vozes, gritos e música o que será isso?

Abriram um portão grande, estou solto! vou ver se minha comida e a grama verde estão lá...

Ah! o barulho então vem daqui?

Quantas pessoas me olhando!...

O que esse homem quer? porque sacode tanto esse pano? isso já está me irritando...

Me sinto com medo! porque fazem isso comigo?

Porque a música, os gritos, a agitação, porque esse homem insiste em me aborrecer, porque agita tanto esse pano?

Vou lá mais uma vez, agora perdi a calma , estou desorientado, cansado, com fome, nervoso... vou espetar meus chifres nesse homem... lá vou eu...

Ai!! ele me espetou, estou sangrando...

Agora eu pego!...

Ai!! me espetou de novo, estou ficando cada vez mais fraco.

Ufa!! outra vez ...eu quero ir embora para meu campo verde...

Vou entrar com meus chifres nele , agora mais uma vez...

Ahhhhh... atravessou meu corpo....não consigo mais levantar... meu corpo arde, meus olhos escureceram.

.......................................

Lá está meu pasto, verdinho..... vou indo lentamente... agora estou livre para sempre.

Joaquina Affonso
Enviado por Joaquina Affonso em 27/06/2016
Reeditado em 27/06/2016
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