Duelo

Vampiros são criaturas nojentas!

Paulus surge na entrada do beco, as presas ainda sujas do sangue de alguma puta desprevenida e os olhos. . . bem, os olhos demonstrando toda a arrogância característica dos da sua raça.

Eu sabia que viria para nosso duelo. Vampiros não suportam serem desafiados.

“Suas presas contra minhas balas de prata!” dizia meu bilhete, levado pelo seu escravo mais fiel.

Parado no meio da rua, minha capa esvoaçando ao vento noturno, examino o revólver. O tambor cheio de balas de prata da mais alta pureza.

Paulus sorri, confiante. Esboço um meio sorriso em troca.

Uma década de caça se encerrará daqui a instantes. Dez anos que sepultei minha filha, uma estaca varando o peito, outra imaginária rasgando o meu.

Voa em minha direção. Miro em seu peito. Seu riso de escárnio atravessa a noite fria, sem fazer menção alguma de desviar-se. Vampiros são criaturas arrogantes e imaginam-se invencíveis.

Atiro.

A bala atravessa o peito e Paulus explode tal qual fogos de artifício em noites de São João.

Alguns passos e apanho a massa disforme daquilo que foi uma bala de revólver momentos atrás.

Prata pura!

O que me interessa, porém, é a cruz minúscula que padre Fernan inseriu no metal, depois de benzida com as demais.

Vampiros são criaturas burras! E não imaginam que outros possam ser mais espertos que eles.

Nickinho
Enviado por Nickinho em 12/11/2007
Reeditado em 12/11/2007
Código do texto: T733979