Contos Absurdos 02 - Xereta

Xereta era uma cachorrinha de pelo marrom e esperta como ela só. Passava os dias brincando com toda o tipo de gente que transitava diante da lojinha de seu dono. Ele, o proprietário da cachorrinha, era um sujeito já idoso que vivia a consertar guarda-chuvas, sombrinhas e mochilas de escola. Já a cachorrinha, apesar de permanecer solta no passeio público, sempre se levantava saltitante e feliz para passear com o dono assim que ouvia o som da coleira de metal. Nesses instantes ela se punha a latir e a dar pulinhos de muita. Aquele era de fato o momento mais importante de cada dia tanto para a cachorrinha quanto para o homem. Certa vez, porém - por um desses motivos que ninguém consegue entender - Xereta escapulira e fizera exatamente a única coisa que não deveria ter feito jamais: correra veloz e saltitante na direção da rua movimenta. O final já se sabe: um automóvel em alta velocidade fez na cadelinha o serviço completo. E o homem - prezado leitor - o homem para sempre se sentiu um desgraçado na vida