Capítulo 7
VÍTIMAS NORDESTINAS
 
     Com o encerramento da quermesse, passou a procurar em outros bairros de Teresina onde havia festa, com sua sagacidade criminosa era fácil convencer qualquer um que de fato era locutor, e já apresentava uma carteira falsa da rádio onde trabalhava como zelador, pois no descuido de um funcionário da administração, furtou uma carteira em branco e preencheu com seus dados, lhe atribuindo a função de locutor. De posse do falso documento conseguiu enganar muita gente.

     De forma esperta passou a falar para suas vítimas que era “produtor” do programa ‘As melhores do Rei’ da rádio onde trabalhava como auxiliar de serviços gerais. Percebendo que naquele horário o programa detinha muita audiência, então, passou a copiar o programa original fazendo a versão nos parquinhos onde ludibriava as pessoas como se de fato fosse um verdadeiro locutor.

     Mas sua vontade pelo crime não cessava, muitas foram suas vítimas, com suas mentiras facilmente as envolvia e logo estava a repetir o crime de pedofilia que na época não era conhecido por essa denominação. Dando prosseguimento aos seus feitos criminosos, “bateu em porta errada”, dessa vez engravidou a criança errada, Rosa, filha de um nordestino valente que ao saber da gravidez pressionou a filha até ela dizer quem era o autor, considerando que Vonaldo já havia intimidado sua vítima com ameaças. O pai, de posse do nome do criminoso foi até a direção do parquinho onde o pedófilo enganava, não o encontrando seguiu informações até a rádio, descobrindo que ele não passava de um simples zelador, portanto, não teria condições de nada oferecer para sua filha, decidiu então acabar com sua vida, claro que, antes o submeteria ao tradicional rito de tortura por molestar uma criança.

     O Pai de Rosa passou a caçá-lo noite e dia, não media esforços para pegá-lo, estava convicto que faria justiça com as próprias mãos, planejava os mais cruéis modos de vingar a honra da filha. Enquanto isso, o locutor de parquinho e zelador da rádio se escondia como podia, até que não suportando mais tamanha pressão decidiu contar para seu pai o que estava ocorrendo, mas contou do seu jeito, disse que foi seduzido por Rosa que depois foi chorar ao pai dizendo que havia sido violentada, o que segundo ele, não passava de mentiras e leviandade contra sua pessoa, apesar de Rosa ter apenas doze anos, mas era uma víbora.

     Seu pai, por conhecer a família da vítima ficou preocupado e não encontrava outra saída senão a de enviar o filho de volta para morar com sua mãe, e sendo assim, escaparia de ser morto pelo pai de sua vítima. Porém, Vonaldo não aceitou, dizia que voltar para sua cidade natal estava descartado a hipótese, considerando que lá morreria de fome com sua mãe e irmãos. Além de vários outros motivos, dentre eles porque não conseguiria enganar as pessoas. Mas na verdade ele estava pensando no seu tio pedófilo que o abusaria novamente.

     O pai de Vonaldo, com medo da morte que seria certa do filho pedófilo, estava triste e, com ajuda da esposa passou a buscar uma solução, até que surgiu a possibilidade de mandá-lo para o norte, para a Amazônia onde um parente estava trabalhando, dessa forma resolveria. Talvez em outro lugar, nova cidade ele parasse com sua doença de mentir, abusar de crianças e procurar confusão, e assim foi decidido. No dia seguinte, o pai, pegou Vonaldo, foi até a rádio, pediu demissão e de lá foi direto para rodoviária, onde seguiria até a cidade de Belém e depois de barco iria rumo à terra dos manáos, de lá seguiria por mais alguns dias, onde seu parente o aguardava, assim aconteceu.

     Da cidade de Teresina levou na mala apenas as lembranças de uma curta passagem que marca o início da sua história de crimes, de abuso de crianças, considerando ainda, que naquele local nasceu o primeiro filho proveniente de um dos seus crimes sexuais.
Afonso Luciano
Enviado por Afonso Luciano em 29/12/2014
Reeditado em 29/12/2014
Código do texto: T5084338
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2014. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.