NOITES SOLITÁRIAS

Eu também já fui peralta

Nos andaimes a subir

Explorei rios e lagos

Embolei de tanto rir

Na alfombra verde-clara

E é mamãe quem declara

Que sofreu ao me parir

Eu não nasci pra faquir

Nem tampouco pra sofrer

Cavalguei serras e bosques

E andei a me perder

Namorando a natureza

Degustando a correnteza

Com o coração a ferver

Fiz tudo pra me entreter

Nessas noites solitárias

Quando as flores mais singelas

Recebem riquezas várias

E os humildes perfumes

Até mesmo dos estrumes

Preterem as luminárias

Nas cidades centenárias

Em cada rua estreita

Uma estrela cadente

De bom carmim se deleita

Ruborizando o olhar

De quem nasceu pra casar

Mas com o luar se enfeita

A madrugada ajeita

A beleza e a feiúra

Quem não tem o fino mel

Perde até a compostura

Ladra o cão, chora a criança,

Um coaxar nos alcança

Não vem do sol a fervura...