NORDESTE DE CABRA DA PESTE
NORDESTE DE CABRA DA PESTE
Não possui lugar de fala pra falar
Do meu nordeste
Tampouco de seu valor.
Aquele que não compreende
Ôxente, pro modivô.
Caipira, camumbembe
Caboré, Cumade flô
Não se avexe camarada
Me entenda seu dotô!
Seja artista, jornalista
Cantor ou compositor.
Nem sulista, nem nortista
Desenhista futurista
Governante ou ativista.
Me responda por favor!
Não conhece Lampião
Vitalino mestre Eudócio,
A feira de Caruaru.
Nosso algodão colorido
Feirinha de Tambaú.
O escritor de banguê
Pelourinho, caruru
Mestre Moa do Katendê
e o trio do Dodô.
As ondas de Pajuçara
O fumo de Arapiraca
E dança do toré
E seu coco alagoano.
Bumba meu boi cearense
Pau mineiro, cariri.
Viúvas de Itabaiana
Lambe sujo e caboclin
Pra Sergipe definir.
Cavalo piancó, bandolins
O delta do parnaíba
Piauí e seu calor.
Garrafinhas de Tibau
As termas de Mossoró
O auto do boi calemba.
Pintadinho sua cor.
Arupema, coçador
Chaleira, pamonha fresca
Chapéu de couro, gibão
Macaxeira e jerimum.
Cachaça do alambique
Feijão verde com “lambú”.
O cheiro do seu rapé
Da flor de mandacaru.
Não viu lençóis maranhense
E a dança do leiê?
Nunca viu a vaquejada
Seus vaqueiros de valor?
Da caatinga nordestina
Pintassilgo, pé ligeiro
São os nossos cantador.
Sem falar na extinção
Que o homem provocou
Corujinha caburé
Limpa folhado e gritador.
Considerados extintos
No nordeste se calou.
Vou concluir meu lamento
Lembrando a valentia
Do inhambu chororó.
Meu nordeste seu cabôco
É só folclore, alegria e muito amor
Se você não tem pertença
Nessa história de valor
Não conhece meu nordeste
Nem pro norte nem pro sul.
Pois só se é cabra da peste
Na ponta do canivete
Na peia de couro cru.