Solidão

É evidente que fazemos parte do meio em que vivemos e que, se agirmos sobre os outros, eles podem agir sobre nós, influenciando-nos e dominando-os. A solidão é tão arraigada ao ser humano e até aos animais que, desde o primeiro momento de vida, ainda no ventre materno, no ambiente morno, sem frio, fome ou sede; gostoso de ficar, o feto se sente só porque a mãe alimenta o filho. Ele está nela, mas a mãe não está no pensamento do filho, que solitariamente leva a mão à boca esperando o grande dia.

Mesmo com todo o aparato que o rodeia, vai se sentir só, porque ao seu lado ninguém entenderá a sua linguagem. Dar-lhe-ão apenas os cuidados preciosos.

Existem pessoas tão solitárias que, mesmo rodeadas de amigos, conhecidos e familiares - com todos por perto - continuam sozinhas, vivendo rigorosamente na solidão. É como se vivessem em sua "ilha encantada".

As atividades de recreação são essenciais para o crescimento e desenvolvimento de uma criança, que sem espaço para brincar é igual a uma pessoa sem emprego. O ser humano que tem esperança anima, conforta e alegra os demais, mesmo tendo à sua espera muitos janeiros. Mas a solidão está escondida e, a qualquer momento, se manifesta e ninguém percebe.

Desde a Antigüidade mais remota, os filósofos admitem - com razão - que "o homem é o que pensa ser". O Evangelho recomenda que a pessoa deva edificar sua casa no céu. Mas onde fica o céu? O céu não está em nenhum lugar no espaço. Está em nós mesmos e onde desejamos que ele esteja.

Quero deixar bem claro que estou fazendo o possível (como penso) para escrever estas linhas sobre um tema tão complexo como a solidão, já que há diferentes significados para cada pessoa que a sente, porque não há reza nem religião para curá-la, somente a própria solidão.

Para mim, a solidão é um sentimento nato, ou seja, vem com o nascimento, e pode se manifestar a qualquer momento, mas com maior freqüência na velhice.

Uma cantora e comnpositora chamada Dolores Durans - hoje falecida - cantava assim:

"Vivendo na esperança de encontrar um amor sem sofrimento,

alguém ponha fim a meu tormento.

Eu quero qualquer coisa verdadeira,

uma lágrima, uma saudade, um sofrimento.

Ah! Essa solidão vai acabar comigo."

E muitos de nós repetem a mesma frase constantemente: "Ah! Essa solidão vai acabar comigo."

(Concurso de redação da Academia de Letras do Estado do Rio de Janeiro / 2007 - ACLERJ)

Lidia Albuquerque
Enviado por Lidia Albuquerque em 15/07/2008
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