Eureka!!


Passava um pouco da meia-noite e o sono me venceu. Dei um bocejo preguiçoso e anunciei:
- Zane, não agüento mais... Vou dormir.
Ela, meio descabelada, os olhos já avermelhados olhou pra mim:
- Acha que já está preparada para a prova de amanhã?
- Não sei. Mas, estou desmaiando.
- Tá bem... Vá lá... Eu ainda vou tentar digerir um pouco mais. Nem que eu tenha que mastigar essa apostila.
Larguei os livros em cima da mesa e joguei-me na cama, apagando quase imediatamente, num sono agitado.
Quase meia hora depois, levantei-me de um pulo, gritando, feliz:
- Eureka! Eureka!! O Coeficiente de dilatação é 3.
Ela levantou os olhos da apostila que, penso eu, literalmente mastigava e olhou para mim, assustada. Em seguida, caiu na gargalhada.
Então, o poço de tranqüilidade que eu fingia ser, afinal, colapsava diante de um prova?
Ainda atordoada do sono-sonho interrompido com meu próprio grito, não entendi muito bem qual era a graça... afinal, eu acabara de descobrir o valor do coeficiente! Não era para isso que havíamos decidido estudar juntas?
Não, não era. À medida que a lucidez ia tomando conta de mim, percebi o ridículo da minha descoberta e caí eu mesma na gargalhada.
Afinal, eu nunca soube calcular um coeficiente de dilatação e a prova que faríamos dali a algumas horas era, tão somente, de português.

Imagem daqui.