Notícia de jornal

– Guardei o jornal prá você. Queria que visse a notícia, disse-me a Senhora N enquanto me servia o cafezinho mineiro que só Minas sabe fazer. Café medroso, que não vem sozinho, mas acompanhado de um delicioso pão-de-queijo. – Pena que não achei o Diário prá trazer junto com o café...

– Depois a senhora acha... Do que falava a notícia?

– Do Padre...

– Ah... sim. Bem sei de quem se trata. Ambos sabemos de quem se trata. O tipo que desempenha papel social que atrai uma puta reputação... Mas, mais precisamente, a notícia falava de...

– ... Um álibi. Houve um crime na cidade, envolvendo gente aí, da alta. O rapaz matou o cara. Tinham caso, o assassino e o morto. O processo estava correndo. No meio, apareceu o Padre, que testemunhou o seguinte em juízo: “Na noite do ocorrido, o acusado estava dentro da minha casa. Mais exatamente: ele se encontrava no meu quarto. A olho nu, ele estava na minha cama. Com lupa, do meu ladinho quentinho...”.

– Iéééé???!!!

– É!

– Que coisa, hein, Senhora N?!

– Pois é...

– Como dizia Terêncio, do século I a.C., "Homo sum; humani nil a me alienum puto".

– Nossa! Você com cada uma!? Tá falando bobeira também? Que quer dizer isso?

– Não é bobeira não, que eu respeito a senhora. É uma frase, nada mais... Ela quer dizer o seguinte: “Nada do que é humano me é estranho”.

– Como dizem as crianças da internet: nuuuusssaaaaaa.... ainda bem! Eu já estava pensando besteira.

Tem dia que jornal nenhum paga uma boa conversa...