A VIDA COMO ELA É

A VIDA COMO ELA É

Digamos que nossa vida passa navegando sobre o leito de um pequeno regato cuja água pura e cristalina, brota do ventre da terra iniciando sua trajetória rumo ao oceano em busca do nosso ideal.

Com muita simplicidade começamos a navegar em um barquinho de papel construído de sonhos, desejos e fantasias. Na medida em que o regato vai recebendo seus afluentes, se tornado mais caudaloso, nossa vida também começa a influenciar serpenteando em seu leito, deslizando ora entre os espinhosos obstáculos das serras e montes, ora na lentidão das planícies.

Com o decorrer do tempo vamos sendo envolvidos por detalhes e imprevistos às vezes alheios a nossa vontade; detalhes estes, alguns, nos marcado profundamente, outros sem importância superados pela força jovial que possuímos.

Do barquinho de papel passamos ao caiaque, logo após trocado por uma embarcação maior, mas sempre direcionado ao mar, obrigatoriamente rumo ao nosso ocaso. O tempo corre, e juntos também corremos. As lembranças que logicamente vão se aglomerando ao longo do percurso, abarrotam de saudades e recordações inundando a alma da gente, chegando a transbordar invadindo o coração. Nesta altura dos acontecimentos somos tomados por um enorme saudosismo e um desejo de expressar o grande amor pela terra onde nascemos, revivendo cada passo pelas trilhas por onde andamos,julgando não haver no mundo nem um torrão tão belo quanto o nosso. Torturando o sentimento, pela certeza de um tempo que se foi e não será jamais retroagido senão imaginariamente.

Só ai percebe-se que nossa meta está na reta final prestes ao inevitável desembarque.

Não sei se serei eu, um caso isolado, ou se tal situação faz parte da vida de todos os idosos. Permita-me Deus que minhas tolices sejam apenas formas psíquicas criados pelos recursos da mente preenchendo o vazio que afeta o idoso. Ao contrário terei que buscar formas de cura para esta mania que se instalou em mim.

De qualquer forma resta-me agradecer a Deus, que me permitiu navegar por 67 anos sem que meu barco tenha se desviado a deriva. Rogando-lhe mais bênçãos para que orientado pela bussola da fé, meu roteiro seja cumprido com amor e dignidade.

Geraldinho do Engenho
Enviado por Geraldinho do Engenho em 29/09/2009
Código do texto: T1838546
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