O defectivo indefectivelmente defecável
(O samba da branca doida)
Dizem que Internet é vício. Eu também acho... Um exemplo é o meu:
Existe uma certa preguiça minha em consultar livros, principalmente de gramática. Talvez pela concomitante preguiça em procurá-los. Com a nova ortografia, a coisa piora... Por outro lado, como as páginas virtuais de pesquisa ainda estão desatualizadas, vira um samba de branca doida aqui...
Ah, como são sortudos os jovens que estão aprendendo agora! Fica muito mais fácil para eles reconhecerem o antigo e o novo, pois estão assimilando informações pela primeira vez, como um computador que é virgem de dados ou foi formatado recentemente.
Faz anos que saí do primeiro grau escolar - ou há anos saí de lá, mas jamais "há anos atrás"! Acho que terminei o primário 39 anos atrás (ou há 39 anos) - e não "há 39 anos atrás" ou "a 39 anos atrás", muito menos "em torno de 39 anos", porque em "torno de exige" número redondo... Acertei no tempo ou no espaço?
O que, entretanto, mais me prejudica na hora de escrever são os vícios de linguagem, o coloquial, do que eu tento o tempo todo me livrar e não consigo. Por exemplo, a expressão “na verdade” . Eu sei que está certo, porém eu bem podia trocar por “por certo” ou decerto”, mas quem disse que consigo?
Outro problema é essa coisa de “de certo” e “decerto”... Sei quando usar, certamente, mas de vez em quando (quando em vez) eu descubro um antigo texto meu com os errinhos inadmissíveis.
Vírgula após “mas”, “porém” etc (etc não acompanha vírgula), é outro drama. No meio da frase, depende do sentido; no início da frase, pode aparecer (menos em “mas”). Que coisa nojenta!
Voltando ao início da crônica... Ah! Antes disso (ou disto): Como posso nomear um texto onde eu devaneio sobre tudo que é possível - sobre amor, por exemplo -, mas que não comentei sobre meu dia? É crônica também?
E acabei de colocar uma vírgula após travessão, que muita gente aí fica encafifada com “isto” (e não “isso”). Mais duas dúvidas: uma delas aconteceu agorinha mesmo, quando coloquei letra maiúscula após dois pontos, e a outra aconteceu onde eu coloquei “onde”, aí em cima e nesta frase... Seria aonde? Se eu devaneei em um texto ou se coloquei uma palavra em uma frase, deve ser "aonde"...
Mas (aqui com vírgula), referindo-me ao início do texto (crônica), e sabendo que hoje é possível iniciar parágrafo com os advérbios, tal como “mas”, eu perco um tempão na Internet para descobrir a expressão, a pontuação e a palavra corretas, mesmo que o texto fique feio pra caramba, como acabou de ficar com o plural “corretas”....
Assim, perco horas e horas... Pelo menos eu estudo e me empenho em acertar. Até encontro erros nas explicações de professores – não naquilo que explicam, mas no que escrevem ao explicar...
Oh, como é difícil o português, ó, portugueses, nossos colonizadores! Eu acho que quem entende sobre a língua vai acabar encontrando mil erros neste texto aqui... É indefectível.
Por falar nisto, indefectível significa infalível, e isso me traz à mente os verbos defectivos: a palavra “defectivo” é originária do latim deficio – defectivus, “que possui defeito”, o que nada tem a ver com defecare, “lançar fora, expelir” (Pensando bem, bem que eu gostaria de fazê-lo...). Não se fala “Eu abolo” (do verbo abolir) nem “Eu coloro”.
O que me intriga neste momento é se existe vírgula antes de “nem”... Ou eu omito, ou eu arrisco. Eu omito, ou eu desisto... Uma coisa ou outra? Vírgulas, conjunções... Um inferno!
Quando pessoas tolhidas, como eu, escrevem, procuram ser o mais corretas possível, ou corretas o mais possível, ou o mais corretas possíveis, mas fica difícil, heim, gente!... Fico aqui tentando dar forma a um texto enquanto pesquiso ("enquanto" aqui, sem vírgula), enquanto (aqui com vírgula) outras pessoas sabem tanto, mas tanto, que vão achar que eu sou uma analfabeta.
Ao menos, sou esforçada e quero que tudo mais se expluda!
OBS:
No dia 27 de outubro de 2009 um amigo, professor de inglês, me corrigiu. Estranho como numa página de escritores ninguém, nem por e-mail, me explicou português...
Vamos à explicação dele ( e retorno ao meu pré- primário):
Essa é fácil: aonde é o mesmo que para onde (note como a preposição 'a' fundiu-se com o advérbio 'onde'). "Aonde vais?" é o mesmo que "Para onde vais?". Sempre que vc buscar o significado de (o lugar) em que, deve usar onde. No seu exemplo: "Como posso nomear um texto onde (em que) eu devaneio sobre tudo...".
Leila Marinho Lage
http://www.clubedadonameno.com
(O samba da branca doida)
Dizem que Internet é vício. Eu também acho... Um exemplo é o meu:
Existe uma certa preguiça minha em consultar livros, principalmente de gramática. Talvez pela concomitante preguiça em procurá-los. Com a nova ortografia, a coisa piora... Por outro lado, como as páginas virtuais de pesquisa ainda estão desatualizadas, vira um samba de branca doida aqui...
Ah, como são sortudos os jovens que estão aprendendo agora! Fica muito mais fácil para eles reconhecerem o antigo e o novo, pois estão assimilando informações pela primeira vez, como um computador que é virgem de dados ou foi formatado recentemente.
Faz anos que saí do primeiro grau escolar - ou há anos saí de lá, mas jamais "há anos atrás"! Acho que terminei o primário 39 anos atrás (ou há 39 anos) - e não "há 39 anos atrás" ou "a 39 anos atrás", muito menos "em torno de 39 anos", porque em "torno de exige" número redondo... Acertei no tempo ou no espaço?
O que, entretanto, mais me prejudica na hora de escrever são os vícios de linguagem, o coloquial, do que eu tento o tempo todo me livrar e não consigo. Por exemplo, a expressão “na verdade” . Eu sei que está certo, porém eu bem podia trocar por “por certo” ou decerto”, mas quem disse que consigo?
Outro problema é essa coisa de “de certo” e “decerto”... Sei quando usar, certamente, mas de vez em quando (quando em vez) eu descubro um antigo texto meu com os errinhos inadmissíveis.
Vírgula após “mas”, “porém” etc (etc não acompanha vírgula), é outro drama. No meio da frase, depende do sentido; no início da frase, pode aparecer (menos em “mas”). Que coisa nojenta!
Voltando ao início da crônica... Ah! Antes disso (ou disto): Como posso nomear um texto onde eu devaneio sobre tudo que é possível - sobre amor, por exemplo -, mas que não comentei sobre meu dia? É crônica também?
E acabei de colocar uma vírgula após travessão, que muita gente aí fica encafifada com “isto” (e não “isso”). Mais duas dúvidas: uma delas aconteceu agorinha mesmo, quando coloquei letra maiúscula após dois pontos, e a outra aconteceu onde eu coloquei “onde”, aí em cima e nesta frase... Seria aonde? Se eu devaneei em um texto ou se coloquei uma palavra em uma frase, deve ser "aonde"...
Mas (aqui com vírgula), referindo-me ao início do texto (crônica), e sabendo que hoje é possível iniciar parágrafo com os advérbios, tal como “mas”, eu perco um tempão na Internet para descobrir a expressão, a pontuação e a palavra corretas, mesmo que o texto fique feio pra caramba, como acabou de ficar com o plural “corretas”....
Assim, perco horas e horas... Pelo menos eu estudo e me empenho em acertar. Até encontro erros nas explicações de professores – não naquilo que explicam, mas no que escrevem ao explicar...
Oh, como é difícil o português, ó, portugueses, nossos colonizadores! Eu acho que quem entende sobre a língua vai acabar encontrando mil erros neste texto aqui... É indefectível.
Por falar nisto, indefectível significa infalível, e isso me traz à mente os verbos defectivos: a palavra “defectivo” é originária do latim deficio – defectivus, “que possui defeito”, o que nada tem a ver com defecare, “lançar fora, expelir” (Pensando bem, bem que eu gostaria de fazê-lo...). Não se fala “Eu abolo” (do verbo abolir) nem “Eu coloro”.
O que me intriga neste momento é se existe vírgula antes de “nem”... Ou eu omito, ou eu arrisco. Eu omito, ou eu desisto... Uma coisa ou outra? Vírgulas, conjunções... Um inferno!
Quando pessoas tolhidas, como eu, escrevem, procuram ser o mais corretas possível, ou corretas o mais possível, ou o mais corretas possíveis, mas fica difícil, heim, gente!... Fico aqui tentando dar forma a um texto enquanto pesquiso ("enquanto" aqui, sem vírgula), enquanto (aqui com vírgula) outras pessoas sabem tanto, mas tanto, que vão achar que eu sou uma analfabeta.
Ao menos, sou esforçada e quero que tudo mais se expluda!
OBS:
No dia 27 de outubro de 2009 um amigo, professor de inglês, me corrigiu. Estranho como numa página de escritores ninguém, nem por e-mail, me explicou português...
Vamos à explicação dele ( e retorno ao meu pré- primário):
Essa é fácil: aonde é o mesmo que para onde (note como a preposição 'a' fundiu-se com o advérbio 'onde'). "Aonde vais?" é o mesmo que "Para onde vais?". Sempre que vc buscar o significado de (o lugar) em que, deve usar onde. No seu exemplo: "Como posso nomear um texto onde (em que) eu devaneio sobre tudo...".
Leila Marinho Lage
http://www.clubedadonameno.com