UMA PÁGINA DA VIDA

UMA PÁGINA DA VIDA

Quando vejo uma garça branca manobrando suas asas voando graciosa pelas alturas, tendo como pano de fundo o azul do infinito, sinto uma saudade enorme... De um sonho interminável.

”Minha saudosa infância”

Mais de meio século já se passou, no entanto parece-me ter sido ontem. Quando eu vivia misturado às maravilhas da natureza, apreciando tudo de belo, nas aves e animais silvestres. Correndo descalço pelas trilhas brancas, sem compromisso, pelas pastagens verdejantes e pelos brejais, marcando com o barro branco argiloso minhas canelas. Foi uma das mais importantes páginas de minha vida.Vivenciada no mais belo cenário que meus olhos já vislumbraram em toda a minha existência. Um ambiente ecológico de rara beleza. Somente a mão de Deus para criar coisa tão bela. O lago azul e encantado, conhecido como olho dágua, desaguando no rio Picão, com sua orla coberta por variada espécies de algas, formando um circulo verde manchados de garças brancas, buscando ali seus petiscos, disputando espaço com o martinho-pescador, biguás, marrecas e paturis.

Para meu imaginário infantil aquele foi meu pequeno oceano. Com sua grande diversidade de peixes,grandes cardumes, com seu malabarismo provocando as cores do arco iris,aos reflexos do sol.

Ao meio dia com o sol a pino, a passarada se reunia aglomerados nas arvores e nas latadas de cipó, formando a bela orquestra ecológica, regida pelo sabiá, tendo como sentinela o vigilante ecológico “pássaro preto”, que ao perceber a apresentação de um gavião, soltava seu dilacerante silvo de alerta. E por momentos era um profundo silencio. Aos poucos recomeçavam uns aqui outros ali, coleiras, melros, canários, outros mais e bem-te-vis.

No começo da perimira quando o vento varria a face da terra, eliminando a densa fumaça que entristecia as tardes do final de setembro, chegavam às simpáticas tesourinhas, migrantes de outras paragens que vinham procriar. Esta prenuncia, nos mostrava que a natureza estava peste a entrar no ciclo reprodutivo, com o sabiá rogando a Deus, a chuva. As espécies silvestres entravam no cio, e começavam com grande euforia a construção de seus ninhos. ao cair as primeiras chuvas o cheiro da terra se espalhava misturado ao perfume das flores da laranjeira, dando uma certeza de fecundidade.Esperançoso o roceiro começava o preparo das sementes, lançando-as na terra tombada, que logo ia verdejando. Em pouco tempo o mistério da divina criação fazia com que a terra se atapetasse, toda colorida, na mais bela obra de arte.

Estes são detalhes da vida, que me marcaram profundamente, passando rápido, como um estalar de dedos. Deixando em meu intimo as marcas da saudade!

Geraldinho do Engenho
Enviado por Geraldinho do Engenho em 01/11/2009
Reeditado em 08/06/2014
Código do texto: T1899399
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2009. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.