Estava conversando com minha cunhada, (ou melhor, tentando conversar) voltando de um passeio com as crianças.
 
 
Apesar do furdunço dentro do carro, o papo estava bom, pelo menos até aquele momento. Entre algumas algazarras, os pirralhos jogaram pra frente um desses bichinhos que deixamos agarradinhos em alguma coisa (neste caso havia alguns no meu carro). Então, sem perceber, ao fechar o sinal, deixei o carro deslizando um pouco, mas sem nenhuma velocidade, já que havia freiado antes.
 
Nesse deslizezinho, encostei levemente no carro da frente, mas eu tinha certeza que não tinha machucado, pois realmente só foi um "toque".
Antes mesmo que eu pensasse em descer pra dar uma"satisfação" ao motorista, vi sair do carro uma perua, toda arrumada, vindo em minha direção, reclamando.
 
 
-Não vai descer pra ver?
 
-Não, respondi, a senhora pode ver por mim.
 
Senti que a doida "pegou ar" de raiva, mas como viu que não me abalei, continuou:
 
 
- Você não viu o carro parado?
 
- Vi, tanto que freiei e ele só encostou de leve - disse eu . Machucou?
 
 
E ela, "fula da vida" disse:
 
- Não, não machucou.
 
E saiu, dando rabissaca.
 
Minha cunhada ficou impressionada com meu "sangue frio", mas doido só funciona assim, disse eu.
 
 
As pessoas tratam os carros como o bem mais precioso, chega até a ser engraçado isso. Parece que ficam cegas se pensarem sequer que alguém possa arranhar esse símbolo de status.
 
 
Que se dane, não me arrependo de não ter descido. Garanto que não sabe nem por onde andam seus filhos. Estes sim deveriam despertar sua atenção para os deslizes que podem cometer nessa vida.
 
 
E viva a sociedade, mal educada, burra, fútil e consumista!
TACIANA VALENÇA
Enviado por TACIANA VALENÇA em 09/11/2009
Reeditado em 26/08/2019
Código do texto: T1914315
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