POR QUE O DUNGA DEU CERTO E É QUASE UNANIMIDADE COMO TÉCNICO DA SELEÇÃO BRASILEIRA DE FUTEBOL?

O seu tipo físico pesado e atarracado, de poucos risos e expressão facial sempre séria, valeram-lhe o apelido na infância. Afinal, era um menino parrudo e muitos meninos da sua época o comparavam com um anão - como o DUNGA da Fábula da Branca de Neve.

Esse seu tipo físico, seu caráter e sua maneira de ser, o acompanharam por toda a sua vida, como jogador de futebol e como ser humano.

Personalidade forte, caráter íntegro, sabia o que queria e se aplicava totalmente em tudo o que fazia e por isso o fazia mito bem.

Talhado para ser um líder, nem sempre pode exercer essa liderança pelos Clubes que jogou. Obediente e respeitador das ordens de seus superiores por onde andou, nem sempre foram reconhecidas suas qualidades de liderança nos Clubes onde atuava como profissional e por isso sua careira, como jogador, não teve o brilho esperado e merecido.

Quando foi convocado para a Seleção Brasileira de Futebol para disputar a Copa de1994 houve uma grita geral. Os inumeráveis palpiteiros e grande parte da Crônica esportiva não o queriam na Seleção, pois não o julgavam um craque, mas apenas um jogador voluntarioso e igual a tantos outros que militavam no futebol profissional.

Mas o Sr. Carlos Alberto Parreira - escolhido como Técnico da Seleção que disputaria a Copa de 1994, nos EEUU, valorizou a sua qualidade de liderança e lhe deu todo o apoio necessário para que a exercesse, em toda a sua plenitude, não só na fase preparatória como também durante a Copa.

Suas qualidades de liderança foram plenamente exercidas durante a Copa de 1994, sob o comando do Técnico Carlos Alberto Parreira – para mim,Técnico apenas teórico, grande entusiasta e estudioso dessa coisa maravilhosa que é o futebol, muito instruído e sempre pronto a aceitar um bom argumento ou uma nova idéia que melhorasse a sua atuação, mas sem aquela vivência que o futebol sempre exige para um técnico de futebol. Até hoje não reconheço o Sr. Carlos Alberto Parreira como um bom Técnico de Futebol, apesar dos seus títulos conquistados e do grande número de Clubes onde exerceu a função de Técnico de Futebol.

A competição ainda nem chegara até a metade e o prestigio do Dunga já era quase unânime e todos aqueles que o repudiavam na convocação, agora batiam palmas para ele e lhe teciam os maiores elogios.

Antes da Copa, quando ainda em exercícios de treinamentos, experimento e posicionamento dos jogadores convocados para aquela Copa, não esqueço um lance que ficou gravado em minha memória e que mostrou a liderança que o Dunga exercia. Numa jogada no meio de campo em que Dunga estava com a bola, o jogador Dijalminha - que também fora convocado e que era conhecido e reconhecido como craque, mas só pensava em jogadas de efeito para a torcida e nenhum resultado para o jogo, na mesma linha e bem próximo do Dunga pediu a bola, assinalando com batidas no peito para que lhe fosse passada a bola. Dunga, raçudo, sério e compenetrado na evolução esperada da jogada, olhou de cara amarrada para o companheiro e passou a bola para outro jogador, embora, naquele momento, sua vontade era fazer um gesto de uma “banana” para aquele que lhe pedia a bola.

Com sua maneira carrancuda, aplicação no jogo e inabalável vontade de vencer, mostrou qualidade de craque, surpreendeu e calou a todos que não o aceitavam na Seleção.

O jogador Dunga foi a marca registrada da vibração, coragem, emoção e aplicação de liderança naquela Copa e o título veio como conseqüência. Sem medo de errar, aquele título aconteceu mais pelas boas atuações e liderança do Dunga que pela direção e comando do Técnico Carlos Alberto Parreira.

A competição ainda nem chegara até a metade e o prestigio do Dunga já era quase unânime e todos aqueles que o repudiavam na convocação, agora batiam palmas para ele e lhe teciam os maiores elogios.

Felizmente a CBF reconheceu as qualidades de liderança e de caráter do Dunga e o escolheu para ser técnico da Seleção Brasileira de Futebol que disputará a Copa de 2010 na África do Sul.

Mais uma vez houve desaprovação da escolha em quase toda a crônica esportiva. Como escolher para Técnico da Seleção alguém que nunca foi, sequer, Técnico de um Clube? A grita foi geral e a crônica esportiva manifestou toda a sua discordância.

O tempo foi passando, as convocações acontecendo, o bom desempenho do Técnico aparecendo e a turma do contra batendo palmas e reconhecendo os trabalhos do novo Técnico da Seleção. As vitórias da etapa classificatória acontecendo, o Título da Copa América sendo conquistado e, finalmente, o reconhecimento das qualidades do Dunga como Técnico da Seleção Brasileira.

Além de vencer quase todos os jogos treinos programados, ainda outros jogos amistosos foram vencidos e o Dunga se tornou o melhor Técnico de Futebol para a Seleção.

Quais serão os resultados da Copa do Mundo na África do Sul, em 2010, ainda não sabemos, mas de uma coisa termos certeza: Dunga se firmou, no momento, como o melhor Técnico para a Seleção de Futebol do Brasil.

Narciso de Oliveira
Enviado por Narciso de Oliveira em 04/12/2009
Reeditado em 17/08/2010
Código do texto: T1959735