ENCHENTES - CALAMIDADE QUE CASTIGA OS MAIS POBRES

Desde que tomei consciência da própria cidadania e comecei a tomar conhecimento daquilo que acontece nas cidades, fiquei horrorizado com a terrível desgraça que atinge, principalmente, os mais pobres, por ser a camada da população mais carente de informações e a menos protegida pelos Poderes Públicos.

Morei em apenas três cidades brasileiras, mas parece que o drama das enchentes é comum a todas, salvo raríssimas exceções, onde o administrador da cidade cumpre o dever de cuidar e zelar pelo Bem-estar da população.

Durante 23 anos morei na cidade de São Paulo – cidade que acumula todos os problemas que podem acompanhar o ser humano, desde a falta de emprego suficiente para a sua população, bom transporte coletivo, segurança pública, saúde para todos, falta de moradia decente para a população mais pobre e aqueles causados por fatores meteorológicos e pela incúria dos Poderes Constituídos. Depois morei 11 anos em Campo Grande – MS, que, por ser uma cidade nova como Capital de um Estado e seus Administradores mais cônscios dos próprios deveres de administradores da cidade, esse problema não era de grande monta.

Finalmente, há mais de 17 anos, moro em Campinas – SP, onde as enchentes é um problema comum de quase todas as cidades brasileiras.

Todos sabemos que a Natureza é sábia e não poupa ninguém de sofrer as conseqüências dos desmandos e incúria dos Prefeitos das cidades.

A falta de fiscalização das Prefeituras sobre onde não devem ser construídas habitações ou casas comerciais, é a responsável por toda essa calamidade que atinge, geralmente, os mais pobres. Nessas enchentes os mais pobres perdem tudo: víveres, móveis e utensílios que, às vezes, nem foram totalmente pagos, além de vidas que são ceifadas sem a mínima comiseração.

Desde que me conheço por gente, leio nos jornais e vejo pela Televisão, a noticia destas catástrofes. Sai ano, entra ano, sai Prefeito e entra Prefeito e, neste aspecto, as cidades continuam as mesmas e com esses mesmos problemas.

Quando acontecem essas tragédias aparecem os Prefeitos ou seus prepostos, lamentando o ocorrido e prometendo minorar esse sofrimento atual.

Não adianta diminuir o sofrimento e as perdas atuais; é preciso tomar as providências para que isto não mais aconteça, e as somas despendidas hoje não tenham que ser repetidas no ano seguinte, até que a causa da calamidade seja extinta.

Não vejo dificuldade alguma que impeça o Prefeito de uma cidade de mandar fazer um levantamento de todas as áreas de risco ou impróprias para a habitação ou comercio e fazer um Projeto sério de ordenamento do crescimento das cidades.

Feito esse Projeto, providenciar um grande volume de informações para a população e, principalmente, fiscalizar as áreas ainda não ocupadas e transferindo a população daquelas áreas onde já foram construídas moradias ou comercio.

Vendo o noticiário pela Televisão, achei correta, sábia e oportuna a decisão do Prefeito de São Paulo, Dr. Cassab que, em vez de mandar bombear as águas que permanecem nas Ruas do Jardim Pantanal, depois de uma semana da enchente, e ter que repetir a mesma operação no ano seguinte, disse que o local não é apropriado para moradias e que a população deve ser transferida para outro local.

Finalmente, foi dada a ordem para resolver, em definitivo, o problema daquela área de várzea do Jardim Pantanal que está em nível mais abaixo que o Rio Tiete.

Oxalá essa ordem seja realmente cumprida e essa ótima noticia percorra todo o Brasil e os Prefeitos, de todas as cidades brasileiras, se conscientizem que é melhor atacar a causa e resolver o problema, em definitivo, em vez de ficar aplicando paliativos para a catástrofe atual.

Narciso de Oliveira
Enviado por Narciso de Oliveira em 21/12/2009
Reeditado em 17/08/2010
Código do texto: T1989176