CORRENTEZAS

     Era noite de festa e, repentinamente, ele dirigiu-se ao conjunto que animava o ambiente, falou algo para a cantora, pegou o microfone e disse com voz firme: " - Vou cantar uma música para minha Amada!"

     O admirável é que aquele homem era a timidez e a polidez em pessoa, ninguém jamais o imaginara tão extrovertido, estava mesmo "solto" àquela noite. Ela conhecia aquele lado "menino" do seu amado, mas nunca imaginara que chegasse a se mostrar tanto. Foi mesmo uma grande e bela surpresa, não apenas para ela, mas para todos os presentes.

     Cantou Love me Tender, imitando ao Elvis... Cantou Love me Tender, diante dela, olhando-a nos olhos... Cantou Love me Tender com a alma, era mais que uma declaração de amor, algo transcendental o tomara. Momento ímpar que a todos emocionara...

     Hoje ela não sente mágoa ou tristeza, apenas uma doce saudade. Ela, ela mesma, ela própria, mesmo com todo amor que por aquele homem nutria, o deixou ir... “- Não me deixe ir embora!”, ele dizia. Ela por sua vez, respondeu-lhe: “ – Vai, segue teu caminho, está na hora!” E abraçados, entre lágrimas e sorrisos ali se despediram, não se apartaram, isto não...

     As marcas dos anos de convivência estavam seladas, marcadas para sempre... Inexplicavemente a vida, por vezes, se faz correnteza e as pessoas precisam partir. Disto ela sabia, por isto, o deixou ir. Ele precisava seguir... Precisava seguir caminho agora sem ela. Não se pode conter a correnteza dos rios...

     O amor de ambos? Jamais morreu, também tomou forma de correnteza, segue os desimpedimentos dos rios e anda muito ocupado alimentando as forças das águas.
Ceiça Lima
Enviado por Ceiça Lima em 08/03/2011
Reeditado em 08/03/2011
Código do texto: T2836514
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2011. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.