De volta às estrelas

Estrelas fugazes vez ou outra brilhavam no céu encantando mentes e corações naquela noite... Cruzavam o céu com seu rastro de fogo incandescente, como se uma promessa de ventura fizessem.
A noite descia encantadora jogando seu manto negro como se de rendas escuras fosse feito sobre os campos e a estrada de terra batida onde então eu me encontrava.
A lua delineava o seu suave perfil num canto do céu como silenciosa expectadora inspirando sentimentos, lembranças, sonhos e paixões...
Olhos grudados no infinito eu me deixava levar por pensamentos distantes que me transportavam de volta ao passado, quando eu ainda tinha tempo de sonhar olhando as estrelas noite adentro... Sonhando acordada sonhos que há muito se tornaram realidade... E me fizeram uma mulher feliz...
Que beleza noturna encantadora, que céu pontilhado de lindas e brilhantes estrelas... Onde foi que eu as esquecera?
Meu pescoço doía apoiado à janela do carro, enquanto meus olhos não conseguiam se desprender daquele céu estrelado.
Quantos anos passei sem olhar o céu? Ou eu o teria simplesmente olhado? Quanta beleza anos a fio deixei de contemplar!
Fiquei ali pensando nos dias que se foram, nas noites estreladas que contemplei outrora...
Lembrando os dias venturosos da adolescência... Dos sonhos entregues às estrelas...
E que saudades...
Que mistérios escondem-se nestas mesmas estrelas que eu via, mas não reconhecia nas minhas noites urbanas?
Quando foi que deixei de olhar para o céu? De contemplar a imensidão da noite? De sonhar olhando as estrelas? De esperar pelo brilho da estrela cadente? Não sei... Mas já faz tempo...
Tanto tempo que naquela noite me embriaguei de poesia, me quedando sozinha na escuridão olhando o céu... Até não suportar mais o pescoço apoiado na janela aberta do carro parado no meio do pasto... Ao longe eu via a luzinha da lanterna do meu amado ziguezagueando em volta das colméias de abelha europa colocadas junto à mata ciliar... abelhas produtoras de mel...
Mais doce que o mel para mim era novamente poder olhar as estrelas naquela escura noite na fazenda...
Quando mais tarde eu seguia de volta à cidade já não conseguia mais ver a luz fulgurante das estrelas iluminando o céu naquela noite. Já o brilho artificial das luzes da cidade ao longe eclipsava o fulgor das estrelas e a luz suave do luar. E meu coração silencioso de saudades das estrelas parecia que ia chorar...
Arádia Raymon
Enviado por Arádia Raymon em 19/05/2011
Reeditado em 19/05/2011
Código do texto: T2980891
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