Verdadeiro amor

(riso de canto de boca)

Que me perdoem os amantes de plantão, mas esta frase soa aos meus ouvidos como tema de novela ou rima de músicas da MPB.

Estou meio que cético para esse modismo, afinal, é o que mais vemos nas esquinas e nos bares, “verdadeiros amores” embebedados em promessas e máscaras, acreditando eles serem “eternos”. Um verdadeiro conto de fada do século XXI.

Tenho uma visão diferente de amor, talvez você diga: “você está machucado Michel, e as tuas palavras são apenas a linfa que escorre da tua alma ferida”. Afirmo que não, pois mesmo antes de estar envolvido pelo calor de um corpo feminino já tinha esta concepção.

Não tive um “amor”, tive uma experiência que me fez amadurecer muito. Se fosse um verdadeiro amor, ela não teria acabado tudo da forma que acabou, afinal “O Amor tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta”. Diz a bíblia.

A mídia vulgariza o amor, expõe ao ridículo, banalizando um sentimento tão importante e poderoso. As novelas e os programas para adolescente (Digo: podres programas. O governo proíbe os entorpecentes, mas deixam essas drogas visuais e auditivas. Já viu droga pior do que alguns programas atuais?) colocam na cabeça das pessoas que o amor é fazer sexo no primeiro encontro; é ficar contra todos e tudo por causa de uma pessoa; é colocar a mochila nas costas e fugir de casa. Isso é paixão, das mais doentes. Devemos lembrar que a paixão tem sintomas parecidos com amor, e se não tivermos base, nos enganamos.

Não acredito que uma pessoa ame sozinha, acredito que um amor alimenta o outro. O amor se alimenta de carinho, afeto, companheirismo, cumplicidade, dedicação e fidelidade. Já ouviu a frase: “Você me alimenta” ?. Traduzindo quer dizer: O seu amor alimenta o meu. E um “ficar” não é suficiente para que todo esse alimento que citei antes seja oferecido.

Algumas pessoas alegam que sofrem de amor, dizem que nunca esqueceram e nunca esquecerão a pessoa amada. Chamo isso de amor psicossomático, sente todos os sintomas, mas não tem o âmago verdadeiro, a base, o núcleo do amor. Tudo isso não passa de criação da mente e para se libertar disso, vivem uma verdadeira batalha. Outras pessoas se orgulham em dizer que são amantes não correspondidos, sentem o prazer de ser um Platão contemporâneo. Que graça!.

Estava assistindo a umas pessoas, diferentes na idade, nos hábitos e no modo de pensar, mas todas sofrendo do mesmo mal: “Essa tal moda de amar”.

Ouvindo a uma e a outra, percebi que faltava nas palavras o amor, o verdadeiro amor. Perguntei a uma: “Você o(a) ama?” A pessoa olhou para o teto (acho que estava buscando uma resposta do céu) e depois de alguns segundos respondeu que sim; outra olhou para as mãos (essa acho que estava pescando) e em seguida respondeu que sim; a terceira olhou firme nos meus olhos e como se tivesse tomado um choque elétrico respondeu que sim. Resumindo, nenhuma delas amava, todas estavam acostumadas com as pessoas de quem falavam e como as perderam, sentiram a dor da perda e resolveram chorar e dizer que ama.

Se eu fosse falar afundo do amor (no meu ponto de vista) levaria muito tempo, mas digo que esse “amor” vendido a centavos de réis nos mercados e bancas de jornal é simplesmente a paixão maquiada. Algumas pessoas permitem que a sociedade, a faculdade, o trabalho não os deixem amar. Estes vilões os deixam secos e artificiais e assim, recorremos aos amores congelados, basta colocá-los no microondas e eles estarão prontinho, no final, joga o resto no lixo e lava o prato.

Fico por aqui e até que eu ame verdadeiramente, ficarei atento aos amores de “carochinha”

Michel Leal

Michel Leal
Enviado por Michel Leal em 08/12/2006
Reeditado em 19/02/2016
Código do texto: T312682
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