JOGOS DE PODER

Penso que toda nação tem auto-suficiência para crescimento, desenvolvimento, estabilidade econômica, financeira e social o que impede que estas ações se concretizem são os percalços políticos e jogos de poder envolvidos no contexto, principalmente da esfera pública.

Nos países emergentes ou em desenvolvimento estas mazelas são justificadas como decorrências de colonizações perversas, entrada tardia no sistema capitalista e na industrialização, falta de investimentos em tecnologia, descaso para com a educação, o não exercício da cidadania, em suma, um leque interminável de conjunturas que demandam grandes problemas estruturais e que a classe política tenta resolver com “promessas”.

Infelizmente estes entraves tem se tornado cada vez mais corriqueiros e de difícil compreensão. É complicado entender o porquê desta estagnação e atraso. Dá-se um passo à frente e dois para trás...

Custa-nos perceber que em pleno Século XXI, quando a tríade conhecimento, tecnologia e ciência alcançam patamares de evolução jamais imaginados, as nações tenham que conviver com promessas de “introdução de uma cultura de combate a fraude e maior transparência" na esfera pública. O que percebemos de fato é uma evolução acanhada na oferta dos serviços públicos essenciais e um crescimento cada vez maior do círculo vicioso que envolve o binômio política/poder.

Em grande parte do mundo e em quase todos os modelos de sociedade, nos deparamos com inúmeras e significativas razões que colaboram para a ineficiência da prestação dos serviços públicos essenciais, mais precisamente na saúde, educação, segurança e habitação, ou seja, o suprimento das necessidades básicas do ser humano.

Os mais atingidos pela perversão do aparelho público são exatamente os que mais contribuem para que ele exista, os que fomentam seu arcabouço, a grande maioria que trabalha em troca de uma remuneração irrisória, insuficiente e humilhante. Os que vendem o bem mais precioso que carregam em si: a força vital, a força de trabalho. Os que, honestamente, cumprem suas obrigações de cidadãos, sem macular seus valores morais e éticos acreditando que no futuro usufruirão das benesses.

O fato é que não há seara, nem a curto e nem em longo prazo; o ceifeiro inescrupuloso chega à surdina e a tudo arrasta deixando o desalento e perguntas, cada vez mais complexas e sem respostas...

Em que mundo vivemos? Para onde caminhamos? O que está acontecendo com os valores humanos? Por que com tanto conhecimento científico, tanta inteligência à solta, tanta envergadura dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário ainda estamos enredados nos arcaicos problemas do mau uso do dinheiro público, da má administração da “coisa” pública? Por que tanta falta de comprometimento das autoridades (in)competentes? Até quando os achaques capitais beneficiarão a uma pequena parcela e sacrificarão, até a exaustão, aos mais carentes, aos desafortunados que o próprio sistema concebeu? Que distorção de valores é esta na qual os cidadãos que promovem a oferta dos serviços públicos são oprimidos e enxovalhados quando deles necessitam? Por que os desonestos, corruptos e trapaceiros usurpam-nos os direitos constituídos e nada lhes acontece?

Somos surrupiados descaradamente pela "elite" dominante e ainda nos pedem mais constrição à cada dia. Penso em falácias de uma ignóbil sociedade classista adornada de hipocrisia. Penso num holocausto tão ou mais devastador que o “Hitleriano”. Penso, repenso...

E neste meu incansável exercício de pensar e repensar, imagino que tudo se resolveria através da interpretação literal da expressão LIMPE: cinco letrinhas que trazem à tona palavras de ação significativas e abrangentes, com poderes imensuráveis, não somente no sentido de asseio e purificação, mas de moralização do cenário político, perseverança da dignidade humana e transformação dos destinos das nações, ou seja, (L) Legalidade, (I) Imparcialidade, (M) Moralidade, (P) Publicidade e (E) Eficiência. Os fundamentos da Administração Pública, já tão esquecidos pelos que a executam.