Sensatez

Esse silencio engole a paciencia que teima em escorrer pelos minutos...

as horas se arrastam, parecem interminaveis .

Nem é tão tarde e até os cachorros parecem dormir...

não há ninguém por aqui !

Meu olhar busca o telefone, inanimado, quieto sobre a mesa não dá nenhum sinal a varias horas... será que estou sozinha no mundo ?

que pensamento torturante, meu Deus !

Após a igreja, domingo a noite, escrevo, leio o quanto posso (e que meus olhos permitem), volto a escrever, navego a procura de mais informações, me emociono com as expressões de alguns escritores,algumas manchetes me apavoram...é melhor não ver o resto. Penso pedir una bella pizza, mas rapidamente descarto, é bom evitar comer isso a noite, afinal já passei dos quarenta. Ai, ai, nem minhas filhas se lembraram de mim depois do meio dia ! que será que aconteceu com o ''oi mãe, tô com saudades de você'' ? (quase todos os finais de semana vem passear, me visitar, pois após algum tempo cada uma segue seu caminhar em seu novo mundo...amor meu ? não tenho mais, a algum tempo foi-se para outro lugar...é assustador sentir-se tão só .

Ainda bem que amanhã é segunda feira, dia de voltar ao trabalho, ver aquela gente toda, falar, falar, ouvir, ouvir, ...reuniões, decisões a tomar, contas a acertar...Que alívio !!! ainda tenho o meu lugar !

Passeando pelas paginas do Anderson Nascimento, lendo alguns textos que eu ainda não conhecia, pude ler ''Inexato'', de sua autoria quando veio-me essa sensação : ''Puxa vida, estou com quase cinquenta e ando tão só...por onde ficaram as vozes deste lugar ... o que estou ainda a espiar ...? ''

Pois é, penso que momentos assim, muitos de nós terão de experimentar, mas o que não é totalmente ruim é que temos muitas lembranças boas, tantas ilustrações com cores que permanecem vivas e em alguns momentos algo nos trará de volta os cheiros, os sabores e até alguns sons daquele tempo que ficou marcado trarão vívidamente muito que não sai da memoria...e nesses momentos é bom aprender olhar para trás com alegria, sem despertar a tal autopiedade.

(texto escrito na noite de ontem 06/11/2011-domingo)

Célia Matos
Enviado por Célia Matos em 07/11/2011
Reeditado em 07/11/2011
Código do texto: T3322873
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