Eu, Martha. Martha, eu.

Estava lendo Martha Medeiros, minha escritora favorita-diga-se de passagem- e ela me fez perceber uma coisa incrível. Nos apegamos a dores do passado por medo de não ter o que colocar no lugar, caso a dor se vá. Nunca uma coisa tão complexa e tão sem resposta foi esclarecida de forma tão simples. Ali, entendi todo o drama de uma vida.

Eu nunca tinha conseguido uma auto explicação para a fixação que tinha por remoer coisas que já faziam aniversário. Nunca percebi que o que eu tinha era medo do vazio que ficaria se tudo passasse. Era mais fácil suportar uma coisa já conhecida do que me jogar de cabeça em algo novo. Teria sido mais fácil e menos doloroso se eu tivesse feito isso. Mas o que ou quem eu seria agora, caso tivesse feito isso? Nunca saberei e nem quero saber.

Não sei se me livrei desse vício. Provavelmente ainda não. Percebi que sempre que um sofrimento vai embora, 'seleciono' outra coisa pra remoer. Coisas de todos os tipos, até as mais esdrúxulas.

Porém, há um algo diferente agora, já consigo controlar esse 'sofrer' pelo que já passou. Eu posso escolher entre chorar o leite derramado, ouvir Maysa e olhar fotografias antigas ou pensar em coisas que me deixam alegre, sair com amigos e deixar que novos motivos pra sorrir entrem na minha vida. Eu fico com a segunda (e única) opção. E você?

Vale a pena querer sempre o melhor, pensar sempre o melhor e viver o melhor. Isso é incontestável. Fugir disso é dar um tiro no pé. É querer viver na escuridão criada por nossas próprias mãos. Ser feliz é nossa obrigação. Deus nos fez pra isso, tenho certeza.

A Martha me fez enxergar um eu muito mais eu do que eu supunha conhecer. Ela apertou minhas feridas, abriu o compartimento secreto que havia dentro de mim, me mostrou mais cristalina.

No fim, não sei se foi ela ou se fui eu mesma que cheguei a essa conclusão.

Thamires Heck
Enviado por Thamires Heck em 07/03/2012
Reeditado em 10/05/2012
Código do texto: T3539685
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2012. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.