Um furo no escuro.

Um furo no escuro...da Realidade.
(Risco calculado)

Ah! Senhor! Quanta gente há que assim é.Nunca porque se quer....
Vivendo de sobressalto, de sobreaviso...Diante do mundo, em estado de atenção, vigilante a um coração peregrino de incertezas.
Perecível, passageiro, vive-se mergulhado no turbilhão do impermanente...
É como viver suspenso por um fio à beira da escuridão. Angustiante, tanta certeza do improvável...
Imersos num mar de consciência ou não, uma pausa se dão...
Desperta mente e coração na placidez dos dias, das horas apaziguadas de romântica quietude, atitudes ordenadas.
E tudo fica compreensível e bom: ser e estar na pasmaceira da rotina, se permitem aproveitar, curtir, relaxar no domínio, no controle de um céu de estrelas, de infinitos, sonhos vagos, num mundinho blue alienados...no deixa estar, acontecer...
Mas não, há sempre um despertar, pra realidade voltar.
Chama atento o sobreaviso, e o improviso alerta sobre as coisas falíveis de organização e controle. É preciso atentar pra fora da zona de conforto. Um mal estar cotucante provocador de náusea desconfortante...
Como posso estar bem se o mundo afora desmorona....
E os olhos quando tocam de sentido o mundo, no real e na TV mareiam diante da fome das crianças, dos homens. Murmura um coração de lamentos, sobressaltos com tanto descuido, desalento.
Exclamação de dor, compaixão atada à garganta de um mundo perecível, rodeado de perigos se faz espanto diante do paradoxo de sentimentos: os alados e os despedaçados na eminência da descoberta do já sabido. O sofrido vislumbre de verdades tantas, as iluminadas, as corroídas ou contaminadas pelo tempo.
Pacificada pelas tardes, se permite ao por do sol, aquietar-se, serenar no aconchego do EU SOU, no habitante do instante que abre pausa no interstício que acolhe. No ritmo alado das sombras emergentes murmuram solidões das aves, dos galhos, dos brotos que se irmanam à quietude das sementes...Serena brisa traz recados imagéticos de PAZ E BEM...E habitam o amor, a compaixão que acalenta intuir, vivenciar, resgatando a cada ruído impertinente que insiste em retornar, o que consegue vislumbrar, de novo achar, encontrar, recomeçar.
E divaga na alma das coisas, de tudo que se assoma dando cor e tempero ao vivido no dia, na vida, ao longo dos anos.
E a serenidade das horas silenciadas, despertas, põe tudo no lugar, equilibrando as dores, os dissabores, as náuseas, cabendo as contradições em paradoxos iluminados de lucidez. Até o nojo do que não cabe, se recompõe, se encaixa na imperfeita condição de ser e estar.Abre bem os olhos pra tristeza que se faz.
Há o que cabe na alegria equilibrada, no defeito paciente, no perdão, na aceitação, congruente relação, cada qual comporta um ser de frustração e prazer.
Há tanto pra se colher! Puro bálsamo! Fascínio entre atração e repulsa quando se atira na vida com ânsia, paixão de viver.
Que se deixe escorrer toda emoção represada em diques de controle desmesurado, rompendo com tudo que cerceia a vida , o homem.
Sem estagnação, puro movimento, cuidado e proteção.

Gaiô