MARTA SUPLICY E O MINISTÉRIO DA CULTURA

Durval Carvalhal


Marta Suplicy (Foto: ERBS Jr/Estadão Conteúdo)
 
 
           A ministra Ana de Hollanda foi demitida pela presidente Dilma, substituindo-a pela senadora Marta Suplicy, finalizando uma longa crônica de uma morte anunciada.
          Um ministro é escolhido para exercer uma função administrativo-gerencial, de preferência com perfil técnico, para ajudar um presidente a administrar os interesses públicos.
          Acredita-se que a ex-ministra Ana, irmã do compositor Chico Buarque, não tinha o perfil adequado para a pasta, não obstante dotada de boa cultura, causando mal estar, sobretudo, em parte do partido, que não a aprovava.
          Responsável que era, cansou de conviver com as condições precárias de funcionamento do ministério da Cultura, como situação estrutural dos prédios, insatisfação salarial dos quase 3000 funcionários e reclamações do público, ensejando o movimento “SOS Cultura”.
          Diante desse quadro lamentável, corretamente, dirigiu-se à ministra do Planejamento, sua colega Miriam Belchior, através de uma carta, fotografando a real situação do seu ministério: “Esses números colocam em risco a gestão e até mesmo a existência de boas partes das instituições culturais. [...] essa realidade no Minc e de suas entidades vinculadas [...] tem gerado danosas consequências ao governo e à sociedade”.
          No seu lugar, foi nomeada a polêmica senadora Marta Suplicy, que larga o Senado para assumir o Minc, anulando, grandemente, a crítica petista a José Serra, que renunciou à prefeitura de São Paulo para se candidatar à presidência da República.
          Marta, apesar de ser psicanalista, tem o perfil de arredia, estourada, briguenta e preconceituosa, contrastando com a área cultural, que reclama o perfil de cordial, simpático e elegante. Ainda ministra do Turismo do governo Lula, no auge da crise aérea, perguntada sobre que conselho daria “para um turista brasileiro que quando pensa em viajar, morre de vontade, mas pensa também que vai ter um grande transtorno nos aeroportos”, a resposta foi de um cinismo repugnante: “Relaxe e goze, porque depois você esquece todos os transtornos”.
          Mostrou-se altamente preconceituosa, ao duvidar publicamente da sexualidade do seu adversário Gilberto Kassab, na disputa para a prefeitura paulista.
          Mostrou-se, também, inapta e despreparada para o mister, já que um ministro deve ser afeito à sua área, declarando: “Vou ter que ter conhecimento profundo de todas as questões do ministério”.
          Por fim, um ministro deve ser da plena confiança do partido e dos seus líderes máximos. Ao ser preterida por Lula na disputa municipal de São Paulo; desprestigiada pela presidente até então e ter abandonado a campanha de Fernando Haddad, Marta goza da confiança necessária para assumir um ministério tão grande e complexo?
          O Ministério da Cultura tem de administrar uma secretaria executiva com três diretorias: Gestão Estratégica, Gestão Interna e Relações Internacionais, além de seis representações regionais e seis secretarias para cobrir o vastíssimo mundo cultural das letras, das artes, do folclore, do patrimônio histórico, arqueológico, artístico e cultura de todo o País.


 
Durval Carvalhal
Enviado por Durval Carvalhal em 13/09/2012
Reeditado em 11/11/2014
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