STRIP- TEASE...Á ROSA PENA abs: a professora que não me foi possível ter.

STRIP-TEASE...

Uma noite para lá de especial! Convidei meu amado para assistir um strip-tease, sem néon e globo giratório, destes que imitam faiscantes luzes refletidas nos fragmentados espelhos. Música no ambiente, um canto gregoriano...Deixei-me invadir pela bela melodia, sim e a magia se fez. Meu amado a tudo assistia e eu entorpecida, embriagada não pelo ópio, e sim pelos vícios que a muito me perseguiam corroendo minha essência, tornando a vida vazia. Não, não é preciso subir o morro para buscá-la nas mãos de um traficante. Não é nova diamba que me levou ao êxtase nunca Dante experimentado, esta há milênios no mercado, distribuída nas portas das escolas, nas praças, é consumida em família, e liberada, não tem contra indicação e não é prejudicial à saúde, o mistério do AMOR adverte... VERDADES. A música em alto volume fez-me flanar na alma, e meu amado aguardava-me quão paciente...Enquanto embalava-me ao som desta música, senti a brisa invadir o ambiente, tremulando as cortinas de minhas vivências. Sim podia observar a platéia que me assistia, energias corrompidas cunhadas por mim, nestas e em outras existências. Entorpecida queria mais e inalei renúncia, injetei-me perseverança e ingeri bondade aspirei fraternidade...Não, as verdades aspiradas ingeridas picadas e inaladas não me levaram a convulsão. Ante ao meu amado que a tudo assistia, despi-me como prometera. Embalada pela música como se em cima de um queijo estivera, comecei o espetáculo. Atirei ao meu amado, desenganos, egoísmo, desamor, oportunismo, luxúria e intolerância...Nenhuma droga química seria capaz de entorpecer-me daquela forma, foi a maior das lombras por mim curtida. Bebi parábolas na taça da vida. Despi-me aos olhos benevolentes do meu amado que a tudo via. A paz e a harmonia infestavam o ambiente, naquela noite que em delírios, despi-me de meus vícios. A aragem tocava-me o corpo, e a alma em alacridade me bem-dizia. Cenário propício, música angelical. O corpo e a alma despidos dos desdouros existenciais. Sentia-me como penugem a flutuar na brisa, que soprava no ambiente, embriagada bailava a alma. E como se estivesse lavado corpo, mente e espírito. Meu amado observava-me com compaixão. Pensei ter ouvido uma voz que me dizia: “-Me amas?”. Achando ser efeito das parábolas consumidas...Despida das ilusões que meu mundo assolava, pois já havia atirado-as aos pés de meu amado, enquanto dançava no queijo imaginado. Plácida voz ecoou aos meus ouvidos, mais uma vez. “-Amas-me?” E em meio ao torpor por mim sentido fiz-me audível, a boca proferiu: “- Sim meu amado amo!”. Houvera uma transmutação no momento que conto... Meu amado vestiu-me os olhos com benevolência, a boca com bondade, o peito com amor. Cobriu-me o dorso com o manto da misericórdia, e mais uma vez, a voz ecoou. “-Amas-me?”. Sem titubear a boca investida de bondade, respondeu-lhe desta vez com a firmeza de uma alma renovada, despida do velho, renascida nas parábolas ingeridas: “-Amo-te meu amado!”. Juntos dançamos a valsa do amor e naquele momento, prometera-lhe fidelidade. “-Amá-lo-ei não apenas da boca pra fora e sim com o amor que transcende o limite da carne”. Recitei-lhe um poema: AMOR... Humildade, caridade, fraternidade, renúncia e justiça. AMAR compreendendo e respeitando os limites e as escolhas por mim desconhecidas. Edificando á casa sob a rocha da FÉ, assim como amar meus irmãos de caminhada. Como aliança um dracma, soprou-me aos ouvidos um talento, ao ungir-me as mãos... “-Amas-me, então ide”. Apascentais minhas ovelhas e poete também em meu nome. “-Sim amado assim o farei!”

Deth Haak

29/07/2005

(João, cap.xxl: 15-16-17)

Deth Haak
Enviado por Deth Haak em 30/07/2005
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