Mamãe Bebê

       Minha filha caçula Jaqueline, tinha pouco mais de um ano de idade quando aconteceu algo interessante e engraçado que sempre vou me lembrar. Estávamos eu, ela e sua mãe tomando banho. A pequena tagarelava eloquentemente, perguntando sobre tudo ao seu redor. Sua mãe havia passado xampu no cabelo e enxaguava com os olhos fechados debaixo do chuveiro, quando a filha lhe pediu que olhasse alguma coisa ao seu redor. Esta sem abrir os olhos respondeu que estava vendo. A filha fechou os olhinhos mirou no rumo do objeto e veio uma dúvida terrível e novamente perguntou: Mamãe, você consegue ver com os olhos fechados? Eu e minha esposa demos uma boa risada e a criança ficou com uma cara surpresa, sem entender o motivo do riso inesperado.
       E como se não bastasse, sua mãe saiu do banho e ficamos eu e ela brincando com um vidro de xampu dentro da banheira. Ela pegou o vidro me dizendo que aquilo era da mamãe “bebê”. Eu logo retruquei dizendo que era xampu, só para lavar o cabelinho, que não era da mamãe “beber”. Minha filhinha ficou ainda mais reticente e afirmava que era da mamãe “bebê”. Chamei minha esposa e disse que não deveríamos deixar a menina brincando com aquele produto, que ao menor descuido nosso ela colocaria xampu na boca. Minha esposa foi explicar para ela que não podia colocar aquilo na boquinha, pois faria mal e o gosto era muito ruim. A menina insistiu levantando o vidro, falando que era da mamãe “bebê”. Minha esposa começou a rir e me explicou que o xampu era de uma coleção de produtos destinados as mães e aos bebês. Pegou o vidro e me mostrou escrito nele “mamãe bebê”. Reforçou com a filha que realmente era da “mamãe bebê” e que ela nuca deveria colocar na boquinha, nossa garotinha pareceu ter entendido a minha confusão e deu um sorriso vitorioso que nunca vou esquecer.
       Nos banhos anteriores, minha esposa sempre lavava o cabelinho dela e falava que aquele xampu era da “mamãe bebê”, ela gravou em sua memória e sempre repetia para minha esposa. Esse fato anterior eu não havia presenciado ou percebido.

       Outra de suas eloquentes anedotas aconteceu com uma funcionária que trabalhava em uma papelaria. Minha filha tinha uns 7 anos e já conseguia ler e se interessava por quase tudo. Perguntou para minha esposa: “mamãe de onde vem os bebês”? Sua mãe, muito atenciosa, comprou para ajudá-la em sua explicação uma coleção de livros de educação sexual infantil. Nos mínimos detalhes, explicou tudo a menina, que ficou encantada com a narrativa e ilustrações do livro. Como eram muitos livrinhos, passou a semana toda lendo, relendo e se sentindo atraída pelas descobertas.
       Em um outro dia, quando a pequena estava na referida papelaria mencionada acima, a atendente muito religiosa e recatada lhe mostrou uma Bíblia infantil e disse: “peça sua mãe para comprar para você ler”! 
Minha filha mais do que depressa respondeu: “eu só gosto de livro de sexo”! A moça ficou assustada e sem entender o interresse da criança por esse assunto inadequado e o desinteresse pela palavra de Deus. 

       Um tanto quanto constrangida, procurou a mãe e relatou o que a menina lhe havia dito. A mãe sem demonstrar a menor preocupação explicou o porquê do interesse de sua filha, mostrando a coleção que a havia lhe presenteado. 

As duas se entreolharam e gargalharam ao desvendarem o mal entendido.

       As crianças estão sempre nos surpreendendo com sua inocência e forma de expressar, o que deixam lembranças guardadas para sempre em nossa memória.



Kennedy Pimenta 🌶