O PRESO QUE PASSOU NO VESTIBULAR
 
 
Sempre que vejo e leio uma notícia de vitória do ser humano me emociono, porque sei quanto custa batalhar e vencer na vida. Essa semana fiquei muito feliz de ler que o detento: Bruno Eduardo Oliveira Reis, de 32 anos, é um dos aprovados no vestibular de educação física da Universidade Federal de Viçosa (UFV), na Zona da Mata, em Minas Gerais. Bruno cumpre pena por receptação, adulteração de chassi e furto qualificado, foi condenado a nove anos e oito meses de prisão.
Na minha forma de pensar, juridicamente falando, uma pena até de certa forma exagerada, acho que ele não devia ter um advogado, e se teve, foi daqueles que deram “a volta no exame da OAB”. Em termos comparativos, considerando que o ex-médico Farah Jorge Farah, aquele que esquartejou a paciente foi condenado a treze anos de cadeia, conseguiu um Habeas Corpus e até hoje está livre, leve e solto. Dando dedo para a sociedade que o condenou. Na aplicação da pena de Bruno esqueceram a dosimetria, ao que parece só houve agravante.
Bruno demonstrou que ao contrário de ficar passando trote de dentro da penitenciária e fazendo extorsão nas pessoas é melhor usar o seu tempo em seu próprio favor, estudando.
No caso do Bruno, que não é o ex-goleiro do flamengo, já cumpriu mais de um ano da sua condenação, fez o ensino médio na própria prisão e conseguiu a maior nota da redação no Enem Prisional. Com detalhe que, a cada doze horas de presença na escola interna o detento tem um dia reduzido na sua pena.
Espera-se que o exemplo de Bruno seja seguido por aqueles que estão presos cumprindo suas penas para se reintegrarem a sociedade, mas também, o estado deve fazer sua parte, assim como a sociedade em geral, apoiando o novo universitário contribuindo para sua nova vida, seu novo rumo.
A vitória de Bruno e a de outros que conseguiram esse belo feito deve ser propagada aos quatro cantos, demonstrando assim que nem tudo está perdido, que sempre haverá uma janela para se escapar, desse modo, Bruno logo sairá pela porta da frente com a cabeça erguida, olhando nos olhos dos cidadãos, sem vergonha do seu passado.
Dizem os especialistas no ramo da criminologia, matéria interdisciplinar do direito que estuda o comportamento daquele que incidiu em um delito, que o estelionatário é mais difícil de recuperar, aqueles que falsificam diploma para ser jornalista, os que compram seu ingresso na faculdade, os que falsificam procuração para obter vantagem, o popular 171. Mas no caso de Bruno, certamente estará recuperado e será um excelente personal trainner ou um ótimo professor de educação física.
Parabéns, Bruno! que Deus te abençoe te guiando por lindos pastos e mansas águas. Que o estado possa também contribuir para que não somente o Bruno se recupere, mas todos que, por um deslize ou fatalidade, incorreram no crime.