Crônica de uma sala de aula - III

Capítulo III

Em meio a todas aquelas conversas e análises e debates que iam crescendo e se multiplicando em nossos estudos sobre os preconceitos linguísticos, a professora Juliana decidiu passar o seu diário de classe entre os alunos.

E pediu que cada um colocasse uma rubrica junto ao seu respectivo nome. Posteriormente ela preencheria os quadrinhos relativos à presença.

Muitos colegas, no entanto, se distraíram em meio às argumentações: sem terem ouvido direito o que a Juliana dissera, alguns não colocaram a tal rubrica no espaço que fora indicado. Outros ainda acharam que era apenas para dar uma “olhadinha” no tal diário.

Consequência: sem saber direito o que era para ser feito, o Diego registrou então a presença de todos os alunos. Desenhara com cuidado e a maior boa vontade do mundo uma infinidade de pontinhos azuis que se estendiam de alto a baixo no espaço referente à aula ministrada naquele dia.

E aquele dia – minha gente! – o tal dia 26 de janeiro continuava frio e chuvoso e fatídico como só um verdadeiro sábado letivo ousa ser.

Mas era possível que o dia seguinte (e percebam todos que “os dias seguintes” sempre deveriam guardar qualquer coisa de especial pra gente!) reservasse para nós a esperança de um domingo completamente azul, tão azul e perfeito quanto aqueles pontinhos coloridos que o Diego Drumond dispusera com capricho no diário de classe.

Convido os colegas a registrarem no papel ou na tela do computador as crônicas da nossa sala. Vale lembrar que o tempo se encarrega de afogar indiscriminadamente tanto as mágoas quanto as alegrias e que muito do sentido e do vivido se perdem, não raro, como lágrimas na chuva.