O MENINO E O HOMEM

A nossa infância é, sem dúvida nenhuma, a fase mais extraordinária da vida. É o período das fantasias, no qual tudo nos parece possível e mesmo as nossas tristezas e dores são superadas mais facilmente.

Nessa fase, entre oito e doze, treze anos, fui um pouco de tudo, de jogador de futebol a Prefeito da minha imaginária cidade. E no meu time, ninguém jogava melhor do que eu e, por isso, sempre jogava com a camisa 10, fosse com tampinhas de garrafas ou com meu time de peças de futebol de botão.

Depois dessa fase, outras fantasias nos envolvem a mente e aí descobrimos, já na adolescência, que a vida não é tão fácil o quanto aparenta ser, que nem tudo tem solução; mas também que não existe o mundo do “tudo impossível”, visto que nos resta um vasto mundo do nosso universo infantil.

Mais de vinte anos se passam e, na meia idade, somos maduros e temos experiências acumuladas ao longo do caminho, nem sempre só de alegrias, mas também de dissabores e intempéries. Mas quem, na vida, só vive de glórias e aplausos? Isso, sim, é improvável.

No entanto, há algum tempo me sinto como alguém fazendo o caminho de volta. Inclusive, algo que jamais fez parte do meu vocabulário, teima em se fazer presente no meu discurso: o pessimismo. E, infelizmente, por mais que eu esboce uma reação, esse sentimento maléfico persiste.

Contudo, a minha esperança sobrevive no menino entranhado no homem que a vida me transformou, apesar do estado deterioração em que o mundo se encontra.

Que essa expectativa do menino que um dia fui, consiga irradiar-se por todo o meu ser, contaminando-me como em doença, devolvendo-me o entusiasmo de viver de outrora.

Rodelas/BA, 10 de junho de 2012.

Prof. Generino Gabriel

GENERINO GABRIEL
Enviado por GENERINO GABRIEL em 14/02/2013
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