A DAMA DE COPAS
 
 
Quando falamos em dama de copas, todos sabem se tratar de uma carta do baralho, de um dos naipes das cartas. Dizem alguns estudiosos que as figuras de tal jogo representam certas personalidades e, a dama de copas representaria Judite, uma personagem da Bíblia católica. O livro de Judite relata a história de uma piedosa viúva que sai da cidade cercada e dirige-se ao acampamento do exército inimigo, com sua beleza envolve o comandante Holofernes, que se embriaga durante um banquete e tem sua cabeça cortada pela heroína desta história.
Mas aqui não vou entrar no mérito histórico do jogo estou usando a carta apenas para fazer um comparativo entre a carta que tem duas caras e o ser humano, que também tem duas caras, se bem que tem gente que tem várias, inúmeras, e as demonstra de acordo com o que mais conveniente for para si.
Costumo dizer que nunca devemos dizer a seguinte expressão: jamais imaginei que o fulano fosse capaz de fazer aquilo! Ou, não acredito que ele fez, ele é tão dócil, tão amigo, isso não pode ser verdade. Infelizmente, tenho que dizer que do ser humano podemos esperar tudo, mas tudo mesmo, e estou falando de coisa ruim, daquele outro lado que ele somente demonstra quando não precisa mais de você, quando já te usou, lambuzou e depois como carta de baralho te descarta, como se fosse um pote que secou, uma fonte da grana que não tem mais.
Os descartados, ficam revoltados, incrédulos, mas acabam aceitando que foram apenas usados e, por não interessar mais foram desprezados. Mas também tem aquelas pessoas que se auto descartam, pelo simples fato de não ser quem o outro pensava ou buscava, são cortadas do seu relacionamento, tanto de amizade como de namoro, aí a coisa pega, ela fica revoltada e coloca pra fora aquela outra cara. Em desespero esquece tudo o que o outro fez por ela, o acusa de qualquer coisa, se junta aos inimigos deste e passa a agressões sem sentidos, apenas para saciar seu ódio por ter sido considerada uma pessoa não conveniente para ser amiga ou amor do outro.
Na sua ânsia de atingir o outro de forma gratuita, faz o que não devemos fazer, com sua língua afiada, ou sua escrita ferrenha, dispara em todas as direções sem pensar dez segundos no dia seguinte, age como dali algumas horas um super meteoro fosse atingir a terra e todos fossem virar cinzas. É incapaz de medir um centímetro das suas falas escritas ou ditas, que nem dizia meu velho professor de Direito do Trabalho: “aí Inês é morta”. O ofendido jamais retomaria aquela amizade, muito menos um romance, talvez alguns anos após o ocorrido não exista mais mágoa.
Aquele que ofendeu de forma gratuita, se tiver, embora não fazendo uso, consciência, vai refletir e perceber que foi o maior dos imbecis, que poderia ter contado até 200 antes de ofender, poderia ainda, que nem disse Shakespeare: “ser refém do seu silêncio, do que vítima das suas palavras”. Porém, quando se é desprovido do mínimo de inteligência humana, vai falar e escrever besteiras e amargar para o resto da sua vida a perda da amizade, principalmente porque sempre dizia ao ex amigo que queria ser seu amigo pro resto da vida.
Há ensinamentos da minha mãe que vou carregar sempre comigo, certa vez, ao comentar com ela sobre determinada comida que não deveríamos comer, mas em virtude de sermos pobres e não termos opção de escolha, era o jeito. Ela me respondeu a seguinte expressão: “o que faz mal não é o que entra pela boca, mas o que sai dela sem pensar”.
Só sei de uma coisa, seja uma dama ou valete de duas caras, a nós só resta pedir proteção a Deus para tirar do nosso caminho esse tipo de gente, mesmo porque em nada vai contribuir para a paz e alegria em nossas vidas, mas também, devemos tomar como aprendizado e antes de mostrarmos a nossa outra face contemos até mil para preservarmos uma amizade ou uma paixão, porque palavra dita, escrita estará em nossas memórias.