MINHA INOFENSIVA MANIA

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Hoje me peguei revendo a minha modesta coleção de correspondências... Tinha a inofensiva mania de guardar toda correspondência manuscrita. Tanto as que enviava, quanto as que recebia. No arquivo as separava pela importância: para um lado as corriqueiras, para outro, as que amava. Amo-as ainda, porque provém de pessoas que me interessam ao espírito ou ao coração; e não me canso de relê-las. Pois é, as cartas acabaram... Agora recebo e-mails, que leio como se estivesse lendo um folhetim com caracteres elegantes, revisado e esplendidamente ilustrado; apesar da formalidade virtual, não perdi a inofensiva mania; guardo todos eles e, às vezes, nas horas de lazer, também mato saudades.

É, pois, do meu modesto arquivo de cartas, que extraio, com certa emoção, um bilhete que enviei a minha esposa, quando ainda, na biblioteca da faculdade, paquerávamos; nele, estes versos do mestre Olavo Bilac:

Ficas a um canto da sala...

Olhas-me, e finges que lê.

Ainda uma vez te ouço a fala,

Olho-te ainda uma vez.

Saio... Silêncio por tudo:

Nem uma folha se agita;

E o firmamento, amplo e mudo,

Cheio de estrelas palpita.

E eu vou sozinho, pensando

Em teu amor a sonhar,

No ouvido e no olhar levando

Tua voz e teu olhar. ®Sérgio.

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Se você encontrar erros (inclusive de português), relate-me.

Agradeço a leitura e, antecipadamente, qualquer comentário. Volte Sempre!

Ricardo Sérgio
Enviado por Ricardo Sérgio em 28/04/2007
Reeditado em 01/06/2013
Código do texto: T466807
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