Pânico de deixar pela metade

Sempre fui o tipo de pessoa que adora se comprometer - e curiosamente, que odeia compromissos (ou têm medo). Quando quero ver um filme e descubro que o mesmo é uma saga, que existem mais 2, 3, 4 continuações, me vejo na obrigação de ver todos o mais rápido possível, como se fosse uma tarefa e de preferência, já cumprida. Não gosto do vácuo entre um filme/livro e outro. Não gosto de meios. Quando leio uma saga e não gosto do segundo livro, me obrigo a ler os seguintes, até acabar.

Sempre fui assim também na minha vida musical, não gosto de tirar metade de músicas, ensaiar a metade do repertório (ou ensaia tudo ou não ensaia). Não consigo dar continuidade o que aos primeiros minutos, me parece descartável, mas se percebi isso no meio, tenho de continuar.

A graça é você curtir aos poucos, ter já posicionado (algo em vista), quando o procurar, como quando você deixa pausado um vídeo e em outra hora, você volta e dá o play. Mas já me adianto pensando nos próximos. Perco tempo deixando de curtir àquele momento para pensar em terminar logo. Não que seja ruim, pois não dou continuidade ao que desgosto (só se já dei um grande passo do início - o que é raro), mas é estranho este meu pensamento.

Quando gosto muito de uma série, ao invés de prolongar, ver aos poucos e me dar de presente pequenas dosagens para poder sempre usufruir e fugir do mundo chato e tedioso que é o real, acabo vendo numa tacada só. Talvez por medo de me interessar por mais coisas e tudo isso virar uma grande bola de neve, me sobrecarregar e eu não ver nada, ficar tudo pela metade, ou talvez por medo de aparecer algo mais importante e chato em minha vida, em que tenha de dar prioridade (sem querer dar) e perder a oportunidade de terminar o começado.

Tenho pânico de deixar pela metade o que quero ver até o fim, ou até o que não quero. Tudo tem que ter um fim.

Seria eu, uma compromissada exagerada ou apenas tenho medo de não ter o amanhã?

Ps. Tudo falado à cima é literal, mas digamos que os filmes e livros também possam ser simbólicos para outras estradas da minha vida, a final, eu tenho muitos caminhos, muitos pensamentos, muitos envolvimentos.

Espero não ser motivo de interesse de estudos psicológicos, risos.