A Massa Doce do Faraó

Como é bom sair com os amigos para descontrair, bater um bom papo, colocar as fofocas em dia, falar abobrinhas... Sim, eu que não tenho muitas oportunidades para isso adorei o convite que duas amigas me fizeram para conhecer o barzinho e restaurante mais cobiçado do momento. Lá nos tocamos as três e já a chegada ao local foi impactante: a rua comprida era toda de prédios antigos, mas muito antigos mesmo. E o que dizer da porta de entrada do tal restaurante? Era uma porta baixinha, como se fosse pela metade e mais esquisito do que isso é que para entrar tinha-se que descer do nível da rua se agachando porta abaixo, muito doidão, tipo Idade Média ou algum lugar nas 1001 Noites...

Bem, sentamo-nos a uma mesa redonda e começamos a jogar conversa fora. Um papo gostoso e divertido naquele ambiente tão enigmático e nada a ver com a nossa cidade tropical. Quando pensei que estávamos para ir embora (comecei a conferir a carteira na bolsa e tudo) as amigas chamaram um garçom sorridente e pediram pelo cardápio. Só então me dei conta de que a noite mal começara e iríamos jantar por ali mesmo.

O garçom trouxe os cardápios enormes e nos entregou um para cada amiga. Cada uma de nós fincou a cabeça dentro do seu majestoso cardápio. Eu o folheei de trás para frente como é o meu costume, no entanto não me detive em nada, somente admirava a beleza da impressão, desenhos e letras esplêndidos. Ao perceber as amigas já fazendo seus pedidos sem maiores comoções, resolvi me ater à leitura dos pratos ali apresentados. Em princípio nada chamava a atenção, nada fugia ao comum que qualquer outro restaurante também oferecesse, até que...

Até que os meus olhos pousaram em um prato cujo nome me fez ter um sobressalto. Marilu até se assustou e, tocando em meu ombro, perguntou-me o que havia. Levantei a cabeça e olhei-a meio aturdida ainda. Foi aí que dei com o sorriso do garçom que me fitava como quem tinha certeza do que se passava. Encarei-o com curiosidade indisfarçável no meu rosto.

“Esse prato, a Massa Doce do Faraó... a massa é mesmo doce?”

O garçom abriu ainda mais seu sorriso já bem escancarado e confirmou ser um tipo de espaguete só que doce. Mas o molho que o acompanhava era salgado... Logicamente esse foi o meu pedido. Compartilhei com as amigas a minha adoração por tentar coisas novas, experimentar as novidades e os exóticos! Mesmo que depois eu não gostasse, eu tinha que experimentar... e nesse caso então, a Massa Doce do Faraó! Até aí eu sabia que a massa era doce mas não perguntara sobre a parte do Faraó. Seria um prato egípcio? Quando o garçom trouxesse o prato ele não escaparia de minhas indagações...

Blurrr, blurrr, blurrr. Hum, oh, não! Outro ‘sonho de suspense’, mais uma vez acordo sem saber o melhor da coisa toda. Eu não merecia isso.