A liberdade

O ego é uma estratégia da mente para manter nela o conhecimento daquilo que nos envolve e assim como uma serpente engole a sua vítima, o ego engole a nossa alma, ou pensa que engole, pois a alma é muito mais do que o ego, mas ficamos aprisionados na ilusão de que fomos engolidos por algo que não nos pode conter.

Os conceitos que o ego cria para limitar o ilimitável são como uma garrafa que detém em si um pouco do ar do ambiente presente. O ar preso na garrafa é uma parte ínfima do ar da atmosfera, ele se torna pobre e podre com o passar do tempo, assim como os conceitos que representam as coisas do mundo. Os conceitos são como escafandros que empobrecem as coisas, as criaturas e as pessoas. Quando conceituamos algo, imediatamente estamos tirando deste algo o direito de ser eternos em sua energia. Não que a sua forma seja eterna, ela é finita, mas esta finitude trás em si o infinito que vibra naquilo que a forma e dá forma ao poder que a manifesta.

Identificamos-nos com o ego e por isso nos tornamos pequenos e mortais, quando, no entanto percebemos a realidade do que somos nós tornamos grandes e imortais. Quando vibro luz em minha consciência tudo ao redor de mim também se torna luz e eu posso ver a vida como o que a vida é, em sua grandeza.

Se me sinto corpo, sou corpo, mas se me sinto alma sou eterno. Quando me conscientizo da minha realidade anímica, passo a engrandecer tudo que me circunda e nesta consciência eu faço da minha vida algo que de fato vale a pena, pois reconheço neste momento presente uma possibilidade de ser sempre mais.

Cometo os meus atos com o máximo de consciência, procuro jamais fazer nada automaticamente. Isso significa que quero de forma nenhuma conceituar coisa alguma, assim me livro da insistência do ego e me conduzir. A liberdade parte da premissa de que somos donos do nosso destino, e para sermos donos do nosso destino, temos que ser donos dos nossos sentimentos, pensamentos e ação.

O conceito de liberdade preceitua a ideia de que somos responsáveis pelo que fazemos. De certa forma isso parece tirar de nós um pouco da liberdade que buscamos, mas isso é apenas uma ilusão, pois só pode ser livre aquele que responde pelo que faz e condiciona a sua vida ao princípio que mantém o universo em seu movimento constante. Assim, o que eu faço te toca e o que você faz me toca concomitantemente, por isso somos livres e é esta liberdade que nos faz sermos mais e eternos agora.