Escolhas erradas
 
   Há alguns dias venho refletindo sobre algumas escolhas que fiz na vida e cheguei a algumas conclusões: tenho de reconhecer que eu sou o equívoco personalizado.
 Se eu ainda fosse uma “filósofa”, uma “pensadora contemporânea”, mas, infelizmente, não sou loira, não sou popozuda e não sei cantar e dançar com sensualidade um gênero musical que virou febre entre os jovens, o Funk. Sou “apenas” uma professora que estudou durante anos, fez universidade, fez pós-graduação e que trabalhou durante duas décadas com afinco, dedicação e respeito aos alunos. Tenho plena consciência de que dei o melhor de mim.
  Hoje, sou uma modesta escritora que está tentando, e tentando muito mesmo, conquistar mais leitores, reais e virtuais. Porém, estou longe, muito longe, de conseguir milhões de acessos na internet e ainda não escrevi nenhum Best seller. Também não consegui atrair milhares de pessoas ao lançamento de meu último livro. Havia muitas pessoas, sim, mas nada que se compare aos eventos em que a “filósofa” costuma se apresentar.
  Acho que a “famosa pensadora” que me inspirou a escrever esse texto não tem culpa, não. Ela está fazendo o que sabe fazer, e se o que ela faz agrada ao público (?), que continue tendo sucesso por muito tempo – embora eu não acredite nisso.
  Eu também faço o que sei fazer, o problema é que o que eu faço não é do agrado da maioria. Quem se importa com literatura? Poucos. Muito poucos. Só posso concluir que eu fiz a escolha errada.
  Acho que “perdi tempo” estudando, buscando conhecimento, me aprimorando, porque vivo num país em que a Educação não é levada a sério – e nem a música. Acho que investi errado, e continuo investindo. Não devia gastar tanto dinheiro consumindo livros e produzindo-os. Talvez, se me dedicasse à outra “arte”, tivesse mais reconhecimento. E não é questão de grana, porque tenho meu sustento, dá pra sobreviver. A questão é moral, entende? A autoestima não suporta, despenca, vai ao chão, quando vejo a “filósofa” com ares de superioridade dando mil entrevistas na televisão porque “seus pensamentos” viraram questão de prova de Filosofia numa determinada instituição de ensino. O que Simone de Beauvoir – esta sim uma Filósofa com “F” maiúsculo -, pensaria sobre isso? Talvez sentisse a mesma indignação que eu estou sentindo. E olha que ela era uma mulher liberal, totalmente à frente de seu tempo.
 Eu posso até estar enganada ou ser considerada preconceituosa, mas acho que Filosofia é outra coisa, não combina com batidão, com tiro, porrada e coisas do gênero.  Mas, como o mundo está mesmo mudado, quem sou eu pra dizer que o contrário?
  Pois é, como diz a própria “filósofa”: “É melhor aceitar, que dói menos.” Eu, na condição de “recalcada”, como ela costuma chamar todas as mulheres que não gostam dela, que me encolha e me recolha à minha insignificância. Afinal, “beijinho no ombro é pra quem pode, não pra quem quer”. Ela pode. Já eu...
  E assim caminha a sociedade...Pra onde é o que preocupa.  
Jorgenete Pereira Coelho
Enviado por Jorgenete Pereira Coelho em 22/04/2014
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