Mudanças pessoais

   Nos últimos meses, durante as campanhas eleitorais, mudança foi uma das palavras mais pronunciadas. Mas, hoje não vim falar sobre essas mudanças relativas à forma de como o povo brasileiro deseja e espera que o país seja governado. Vim falar daquelas que cada indivíduo deveria operar em sua própria vida para poder conviver de uma forma mais saudável e agradável consigo mesmo e com as outras pessoas.
   Quando se fala em mudanças pessoais não significa apenas mudar por fora: mudar o corte de cabelo, mudar de casa, mudar de carro, mudar a posição dos móveis da sala ou do quarto, mudar o modo de se vestir. Também não quer dizer que seja preciso mudar a alimentação (às vezes, até é, para prevenir ou tratar doenças), mudar da prática de caminhar e passar a frequentar academia de ginástica ou qualquer outra atitude externa. Pode até ajudar, mas não resolve. Se você fez tudo isso e continua mal humorado, intolerante, irritável, intransigente, insatisfeito, impaciente, desagradável, você não mudou. Não emocionalmente, não socialmente.
    As verdadeiras mudanças ocorrem de dentro para fora. Não é fácil, mas é preciso mudar velhos conceitos, rever os próprios valores, deixar de lado os hábitos nocivos, abandonar as velhas práticas como, por exemplo, sempre criticar as pessoas que realizam algo bom. Melhor do que criticar seria sair da zona de conforto e fazer também alguma coisa boa, para si próprio e para a sociedade. Há tantas formas de fazer coisas boas: voluntariado, artes, esportes, incentivar a cultura de alguma maneira.
   Mudar de verdade é ir em busca de autoconhecimento, é procurar aprender mais sobre o mundo, aliar a teoria à prática naquilo que conseguiu absorver de positivo, pois só assim o aprendizado é consumado. Por fim, procurar compreender que a evolução é necessária em todos os sentidos. De que adianta estar conectado à web se o pensamento ainda é como o de uma ameba? Mas, ameba pensa? Não. Ameba não pensa, por isso mesmo a comparação. Amebas são seres vivos dos mais primitivos e mais simples que existem e que pertencem ao grupo dos Protistas: têm apenas uma célula, são assexuados, movimentam-se por pseudópodes (falsos pés) e muitos vivem em água parada. Pessoas que não procuram evoluir comportam-se exatamente como amebas - vivem em “água parada”. São aquelas pessoas que não conseguem se livrar dos preconceitos, que acreditam que são superiores porque são brancas, ou porque têm muitos bens materiais, ou porque pertencem a determinada religião, ou porque são heterossexuais, ou porque têm formação acadêmica, enfim: motivos é que não faltam para que algumas pessoas “se sintam”.
   Não há como termos um mundo melhor enquanto não estivermos dispostos a mudar tudo isso. Se temos a capacidade de criar e de lidar com tantas tecnologias, de melhorar tanto a quantidade e a qualidade da informação, se o mundo ficou tão perto de nós por meio da internet, por que não conseguimos mudar o nosso modo de pensar a vida? Por que nos afastamos cada vez mais de nossos semelhantes?
   Como eu já disse, fácil não é, mas não nos custa tentar. Sempre. Acho que só assim, com profundas mudanças interiores, poderemos melhorar a qualidade dos nossos relacionamentos com as outras pessoas e, principalmente, com a gente mesmo. Só assim poderemos viver mais felizes.    
 
 
Jorgenete Pereira Coelho
Enviado por Jorgenete Pereira Coelho em 28/10/2014
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