Somos irremediavelmente falhos

Temos que reconhecer a nossa imperfeição, a nossa fraqueza, as nossas falhas, o fato de estarmos sempre errando. Eu rio de mim mesmo; eu rio da minha imperfeição; eu rio deste mundo no qual eu vivo e você vive. Escrevo um texto, leio, releio, corrijo, publico; leio duas, três, ou quatro vezes, faço as correções. De repente, eu vejo uma vírgula num lugar que eu não queria pôr. De repente, no lugar de “A Doutrina de Buda”, eu encontro “A Doutrina da Buda”.

Apesar de ter uma vista muito boa e de ter o domínio da língua portuguesa, não consigo – alguém consegue? – ficar imune aos erros. Aí, eu começo a pensar sobre os erros e as atrocidades que os seres humanos já cometeram e continuam cometendo. Se não temos controle nem sobre aquilo que, visivelmente, temos controle (entendeu?), como poderemos estar certos sobre coisas tão mais complexas? É por essa e outras razões que eu faço as seguintes perguntas:

Por que analisamos os outros a partir de nós mesmos? Por que nos consideramos no caminho certo, e os outros no caminho errado? Qual é o parâmetro para sabermos que o outro está errado, e nós estamos certos? O nosso grupo político? Os nossos costumes? A nossa igreja? A nossa religião? Qual é a verdadeira religião para um muçulmano? Quem age certo para um muçulmano? Qual é a verdadeira religião para quem segue o cristianismo? O que diz o hinduísmo? O que diz o budismo? O que diz o xintoísmo? O que diz o bramanismo? O que diz o espiritismo? O que diz a Seicho-no-iê? O que diz a teosofia? O que dizem tantas outras seitas, igrejas e religiões?

Meu Deus..., há tantas religiões... Há tantas igrejas... Há tantas seitas... Há tantos partidos políticos... Há tantos times de futebol... Qual é o melhor grupo social? Qual é a melhor cultura? Por que há tanta inveja no mundo? Por que muitos seres humanos não se analisam? Por que muitos veem erros apenas nos outros, e não em si mesmos? Por que o arrogante é sempre o outro? Eu estou no caminho certo?

Meu Deus, onde Você está? Onde encontrá-Lo? Por que muitos se consideram entendidos sobre Você? Responda, ó meu Deus! Que nome eu devo usar para me referir a Você? Onipotente? O Misericordioso? O Todo-poderoso? Almighty God? The Almighty? Suprema Realidade? Consciência Cósmica? Yahvé? Aquele Que É? Alá? Com quem eu devo aprender?

Por que julgamos os outros? Por que não nos julgamos a nós mesmos? Por que há tantas disputas? Por que há tanto ódio no mundo? Será que eu amo de verdade? Será que eu sei o que é o amor? Será que eu não me engano? Eu sou doce ou amargo? Arrogante ou humilde? Do bem ou do mal? Dogmático, inflexível, etnocêntrico, ou flexível e equilibrado? O que é o equilíbrio? Eu sou um homem doente ou sadio? Ríspido ou afável? Bom ou mau? Profundo, pedante, ou medíocre? Quem eu sou? Quem é o ser humano? Por que eu pergunto tanto? Posso perguntar? Ou eu devo ficar satisfeito com o que eu sei? Eu tenho respostas. Mas, será que as minhas respostas são completas? Eu devo ter dúvidas? Meu Deus, o que eu NÃO SEI é infinitamente MAIOR do que tudo o que eu sei. É o que eu desconheço que mais me fascina.

Domingos Ivan Barbosa
Enviado por Domingos Ivan Barbosa em 20/07/2015
Reeditado em 21/07/2015
Código do texto: T5317533
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2015. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.