CRÔNICA AO COTIDIANO:

Há momentos que pensamos em um só instante Pluft... Jogar tudo para o alto e desaparecer... Evaporar em brumas e só! Você ainda não sentiu-se assim? Como se estivesse dentro de um quarto fechado, sem entrada nem saída? Como uma roupa justa, justíssima ao sol a pino, feito uma gravata sufocando lhe a respiração.

Quiçá, o sapato mutilando seu quinto dedo. É certo que assim nosso mundo desaba sobre nossas cabeças, deixando transparecer não ter fim todo esse sofrimento que sucumbe nosso bom humor.

Ah, você não se liga? Ou nunca vivenciou? Certamente tu és o pensamento que as estações são mutáveis e de maneira seleta e glamorosa. Ah! Como é assustador esses nossos momentos de ausência.

Ora! Quem nunca viveu esse tédio e suas maluquices, em seu cotidiano? Se você nasceu nas décadas 1960 e 1970, obviamente presenciou as Marias, Marias – Fateiras do nosso sobrevivente Araçagi, que nas tardes de sexta feira, cantarolavam às margens do mesmo, quando lavavam seus fatos, vendidos no dia seguinte na feira livre do município. Tais quais as lavandeiras do romântico Tejo do imortal poeta português Fernando Pessoa, também foram vitimas dessa famigerada pantera austera.

Enfim só depois de crescidos, percebe-se ou convive-se com esse mal. Pois bem, só há um lenitivo para a cura desse Mal-Agouro que assola a humanidade, renascer... Deveras renascer. Será? Ou quem sabe se espelhar nas Marias do Araçagi ou nas lavandeiras do Téjo, que além de lavarem seus “Fatos”, deixavam fluir naquelas águas correntes, seus tédios para aflorar à vida.

Nicola Vital
Enviado por Nicola Vital em 31/07/2015
Reeditado em 01/10/2015
Código do texto: T5330517
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