Os humanos não se examinam

“Conhece-te a ti mesmo”, dizia Sócrates.

Certa vez, num certo lugar, um homem chamado João foi a um cabeleireiro. Chegou ao local, sentou-se, e o profissional começou a cortar o cabelo de João. Naquele local, havia um homem chamado José, que é amigo de João e do cabeleireiro. A barba de João estava apenas começando a surgir; José disse: “João vai tirar também a barba...”, e riu. Este disse: “Hoje, não”. Depois de alguns minutos, João olhou para o amigo, viu o bigode do amigo, que já virou tradição neste, e disse, sorridente e irônico, ao cabeleireiro e ao amigo: “José quer que eu tire a minha barba. Mas eu só tiro a minha barba hoje, se ele tirar também o bigode dele”. José fez de conta que não escutou. Mudou-se de assunto.

O que essa história inventada quer transmitir ao amigo e/ou leitor? Apenas uma reflexão sobre as nossas atitudes e a nossa maneira de nos comportar diante do outro. Muitas pessoas olham para o outro, mas não olham para si mesmas. Jesus falava sobre isso. Será que estou inventando uma história que não tem nada a ver com a realidade? Ou será que as pessoas são mesmo assim?

Alguém carrega um bigode histórico; um bigode que já virou tradição. Em muitas pessoas, o bigode permanece enquanto dura a vida. Para muitas pessoas, um bigode é sinônimo de seriedade, respeito, honradez. O Sarney, por exemplo, não fica sem o bigode dele. Ter um bigode pode ser, para muitos indivíduos, até sinônimo de charme; existe durante décadas. O outro, porém, não pode ficar quinze dias sem tirar a insignificante barba. Em que mundo estamos? Será que o ser humano se analisa? Ah, em casa, João tirou a barba. Ele não deixa que a barba dure mais do que quinze dias; ainda não virou tradição.

Essa é uma história inventada; eu quis apenas promover reflexão, leitura e divertir. Mas eu fico pensando sobre outra coisa: será que a minha maneira de escrever, respeitando a variedade culta da nossa língua, vivendo o que eu ensino aos outros, pode ser indicativo de que eu não sei me divertir? De que eu sou sério demais? Estou apenas fazendo suposição. Onde está a alegria das pessoas? Onde está o lado brincalhão de cada pessoa? Na escrita coloquial ou na interioridade? Será que as pessoas se analisam? Será que as pessoas não vivem de aparência? Platão está certo: “A maioria não filosofa”. Por quê? Em outro momento, responderei.

História inventada apenas para promover reflexão, descontrair e divertir.

Domingos Ivan Barbosa
Enviado por Domingos Ivan Barbosa em 19/10/2015
Código do texto: T5419559
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