O PRESO INOCENTE.

ERRO JUDICIÁRIO.

Crônica de Honorato Ribeiro dos Santos

Um homem casado tinha dois filhos, uma adolescente e um jovem, o mais velho com 17 anos. O pai tinha profissão de padeiro e vivia em paz com sua família numa verdadeira felicidade. Seu labor era para sustentar a sua pequena família. Uma tarde, após sair do trabalho de uma construção, ao voltar para casa, numa rua já perto de sua residência, ele encontrou uma carteira no chão e pegou. Quando abaixou para pegar a carteira, abriu e não havia dinheiro nenhum, somente os documentos da pessoa; mas ele observou que a carteira estava suja de sangue. Ele ficou pasmo e perguntar a si mesmo, quem teria sido vítima daquele assassino! Naquele exato momento, chegou a polícia e deu-lhe voz de prisão e o prendeu como assassino daquela pessoa. A polícia levou-o para delegacia, pois as notícias já havia espalhada por toda cidade sobre o assassinato. Ao chegar à delegacia, o delegando lhe fez várias perguntas, mas, como não tinha testemunha nenhuma para lhe defender foi condenado a trinta anos numa penitenciária. Muitos anos mofando naquela cela desumana; não soubera mais de notícia de sua esposa e de seus dois filhos.

A esposa ficou com seus dois filhos e passou a vida sofrendo muito, passando fome, mas trabalhava de faxineira ganhando pouco para sustentar ela e os dois filhos. Como não tivesse recurso financeiro para sustentar os dois filhos na escola, eles ficaram sem estudar. De tanto sofrimento ela adoeceu e foi hospitalizada. O médico, logo que fez a consulta, descobriu que ela estava mal nutrida e com tuberculose. Poucos tempos depois, ela veio a falecer. Seus filhos adolescentes ganharam o mundo sem destino e sem rumo. Os vizinhos e amigos nunca mais souberam deles. A casinha que o marido havia construído com muito esforço, e com grande sacrifício, ficou fechada e abandonada. Quando o pobre pedreiro completou vinte anos naquela cela, sem condições nenhum de um ser humano, ele se surpreendeu com um colega de cela que, já preste a morrer, chamou-o e lhe pediu perdão.

-Perdão de quê!?

-Fui eu que assassinei aquele homem. Depois que eu tirei todo o dinheiro de sua carteira, eu a joguei pela janela. E vi, quando você passava, e a pegou. Por isso eu lhe peço perdão por ter lhe deixar este tempo todo como inocente. Perdoa-me!...

-Mas, por que você fez esta maldade para comigo, somente agora, à porta da morte é que vem confessar-me que foi você que assassinou aquela pessoa e é culpado por ter tirado a vida dela!?

-É que eu não matei somente aquela pessoa, mas muitos e estava foragido da polícia. Eles me prenderam, mas não como o assassinato daquele homem, que acusaram você, mas de tantos outros que eu cometi. Somente depois é que eu soubera de sua história, aqui mesmo entre os colegas. Por isso eu lhe peço perdão.

-Terá agora de eu ir chamar o carcereiro e outras testemunhas para ouvir a sua confissão, que sou inocente. A você só tenho que entregar a Deus pela maldade que fez àquela vítima, tirando-lhe a vida, e a minha por viver vinte anos nesta maldita cela sendo inocente.

O pedreiro foi absolvido, mas não encontrou mais a sua família. Soube pelos vizinhos que ela tinha falecido há muitos anos e os filhos desapareceram.

E assim são muitos, aqui nessa terra, onde há muito erro judiciário. E você, caro leitor, conhece uma história desta que acabei de narrar? Claro! Ontem, hoje e o porvir sempre haverá inocente a pagar um crime que nunca cometeu. E outros que já pagaram a sua pena e ainda continuam presos.

FIM.

hagaribeiro.

Zé de Patrício
Enviado por Zé de Patrício em 07/02/2016
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