A MENTIRA DE UM MILHÃO DE DÓLARES

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Kwame Kilpatrick, prefeito da cidade de Detroit, uma das grandes metrópoles dos Estados Unidos, não apresentava o perfil do político tradicional; fazia o estilo hip hop. Kilpatrick, de 1,95 metro de altura, vestia roupas flamejantes, usava brinco de diamante e circulava pela cidade a bordo de um Lincoln vermelho e cercado por 21 seguranças.

Christine Beeatty, 38 anos, era a poderosa chefe-de-gabinete do prefeito da cidade. Vai daí que, Christine e Kilpatrick, tinham um fervoroso romance extraconjugal. Mas, o nosso amigo hip hop “marcou bobeira”, o caso foi descoberto por dois policiais, tornou-se um escândalo e acabou indo parar no tribunal.

Diante do juiz e sob juramento Christine e Kilpatrick, na maior “cara de pau”, negaram o romance extraconjugal, o que forçou a demissão dos dois policiais. A polícia de Detroit, ridicularizada, empenhou-se em provar o caso e de posse de evidências irrefutáveis, obrigou os amantes a reconhecerem que mentiram sob juramento. Com isso, Kilpatrick não viu outra alternativa se não fazer um acordo com a justiça. Pelo acordo, o prefeito, passará (mesmo) quatro meses em cana. Pagará à prefeitura uma indenização de 1 milhão de dólares. Perdeu a pensão de prefeito, ficará cinco anos em liberdade vigiada e com os direitos políticos suspensos. Além de tudo, não poderá mais advogar. Atualmente, Kilpatrick está cumprindo pena em uma cela de 14 metros quadrados. Será solto em fevereiro.

Christine Beeatty vai passar quatro meses na cadeia, cinco anos sob liberdade vigiada e pagará multa de 100 000 dólares. Cumprirá a pena na mesma prisão do ex-amante.

A punição ao prefeito e a chefe de seu gabinete ocorreu oito meses depois do escândalo, e não é exceção nos Estados Unidos.

Lá os políticos são investigados e punidos com penas pesadas e comprometimento da carreira. John Rowland, o jovem ex-governador de Connecticut, uma estrela em ascensão, tropeçou em uma propina de 107 mil dólares e caiu nas mãos da justiça. Passou uma boa temporada na cadeia que lhe embranqueceram os cabelos e nunca mais se candidatou a nada. Em 2001 Edwin W. Edwards foi flagrado em um caso de corrupção; pegou dez anos de cadeia e multa de 250.000 dólares. Se não receber a condicional, só sairá da prisão aos 84 anos (em 2011).

E aqui?... Bem, aqui, no Brasil, a punição é rara. Todos nós conhecemos os corvos engravatados. Mas alguém conhece um caso com desfecho parecido com os de lá?

Que inveja que tenho da justiça americana... ®Sérgio.

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Esta crônica é baseada no artigo de André Petry, Quando a farra acaba em cadeia, correspondente da Veja em Nova York.

Se você encontrar erros (inclusive de português), relate-me.

Agradeço a leitura e, antecipadamente, qualquer comentário. Volte Sempre!

Ricardo Sérgio
Enviado por Ricardo Sérgio em 08/07/2007
Reeditado em 26/07/2013
Código do texto: T557145
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