DEZEMBRO EM POMBAL NA DÉCADA DE 1960

Jerdivan Nóbrega de Araújo

No mês de dezembro as casas de Pombal se “vestiam” de amarelo ou azul, nas pinceladas de grandes mestres artífices como: Natércio, Chico de Tinane, Pixico e outros mestres pintores das Rua da Cruz ou Rua de Baixo, para os quais, por serem bons no que faziam, nessa época não lhes faltavam trabalho.

Era indispensável o “rodapé” em toda a sala e corredor, sempre na cor vermelho telha .

Nos lares das famílias mais afortunadas, onde o piso já era em ladrilhos produzidos na “Fabrica de Mosaicos” de Chiquinho Formiga, que fora instalada bem a frente a casa de Joaquim Cândido, onde Negro Crushe rodava a prensa para fazer os mais diversificados ladrilhos, o chão brilhava ao esforço de modernas enceradeiras e de cera Cachopa. O brilho do chão era resultado do esforço das jovens, que enceravam o chão enquanto na vitrola cantores expoentes da Jovem Guarda como: Antonio Marcos, Wandelei Cardoso, Wanderleia, Roni Von e e Roberto Carlos, marcavam a cadencia da enceradeira. De tanto brilho, os pisca-pisca de lâmpadas coloridas refletiam suas luzes nos ladrilho. As Árvores de Natal dessas sortudas residências eram expostas em locais que pudesse serem vistas por quem passava na rua.

Já nas residências dos desassistidos socialmente, onde bem poderia estar “escrito em cima que é um lar”, a Árvore de Natal era feita com galhos secos, envoltos em algodão. Caixas de fósforos, que eram juntadas durante todo o ano para esse fim, eram embrulhadas feito presentes com papel laminados de cigarros e penduradas no galhos das arvoes de natal; Não tinham nenhum pisca-pisca já que esse produto era muito caro.

Quem tinha condições ainda comprava na loja de seu Pio Caetano ou Bazar Imperial de seu Zuza Nicácio ou Armarinho de Seu Antonio de Cota, meia dúzia bolas coloridas, o que era raro.

E assim, todos, ao seu modo, todos eram felizes no mês de dezembro, esperando que o ano vindouro trouxesse dias melhores ou que, pelo menos fosse igual ao quê chegava ao seu final.

- Quem sabe no ano que vem um filho na Universidade! Era o desejo de todos.

jerdivan Nóbrega de Araújo
Enviado por jerdivan Nóbrega de Araújo em 05/04/2016
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