Brasília está escura. Redução de despesas no GDF ou sintoma desses tempos sombrios, em que o Brasil segue dividido entre os que apoiam o impeachment e os contrários a ele?
Sem dicotomia. Em ambos os lados dessa disputa, há gente de bem, inteligente, estudada, patriota e, também, há gente vendida, desinformada, rancorosa, arrogante.
Uma curiosidade: semanas antes do afastamento da presidente, a maioria das manifestações era contra ela. À medida em que o processo evoluiu na Câmara e no Senado, e que foram surgindo novos elementos para demonstrar a podridão de grande parte dos polegares pra baixo que determinaram o golpe fatal, houve uma mudança muito expressiva. Não de opinião, eu creio. Quem era antipetista, seguiu certo de que o fim da era PT salvará o País. Mas, quem realmente acreditava que este seria um primeiro passo para um combate mais efetivo à corrupção, começa a perceber que não haverá outros passos. O próprio Cunha, também afastado, continua exercendo seu poder, como reportado no jornal O Globo de ontem, e não se duvide que, em breve, haja alguma reviravolta que o conduza novamente ao cenário político de alto escalão.
Nas redes sociais e nas ruas, multiplicam-se as manifestações contrárias a Temer e seu ministério corrupto, em que paradoxos graves são observados, como um MEC que votou contra programas de apoio à educação (PROUNI, FIES e PRONATEC), um líder religioso à frente da Ciência e Tecnologia, e para o Ministério da Justiça e Cidadania, o truculento Secretário de Segurança de São Paulo, ex-advogado do PCC e de Cunha.
Tais manifestações tornaram-se ainda mais evidentes depois que os que clamavam pela retirada de Dilma do poder silenciaram, seja por estarem satisfeitos pela missão cumprida, seja pelo desencanto de observar que essa trilha de dominó anticorrupção morreu mesmo na primeira pedra.
Eu ainda tenho a esperança de ver que outras pedras tombarão, que os indignados batedores de panela de meses atrás voltarão a elas e às avenidas para uma verdadeira limpeza nos três poderes, pela aprovação da reforma política, por novas eleições...
Mas, esse silêncio...
 

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Texto publicado em minha coluna de hoje do Jornal Alô Brasília.