NO FIM DA ADOLESCÊNCIA

Éramos um bando de adolescentes recém-saídos do segundo grau, comemorando a formatura em Salvador.

O nosso diretor era o professor Cel. Raul, historiador, artista plástico, com fama de durão, pois fora delegado em Itabaiana, mas no fundo uma alma leve, nobre, que costumava afirmar que “quem não gostava de música tinha espírito de porco.”

Pois bem, o coronel conseguira uma casa na praia para ficarmos. Não lembro o nome do lugar, mas sei que era um mar de águas cristalinas. Saíamos em grupos para o banho nas manhãs claras de Salvador. No meu grupo havia uma menina, um pouco mais velha do que a média, uns 22 anos, acho, que insistia em fazer topless, mas só para Pedrinho. Quando nós olhávamos, ela recolocava a parte de cima do biquíni, quando desviávamos o olhar, ela voltava a retirar o soutien.

Tínhamos um cicerone, muito educado e solícito, que nos fez conhecer Salvador. Invadíamos os museus, igrejas, teatros, mercados... eu me encantei com a obra gigante de Portinari, sobre a chegada da família real no Brasil. Uma determinada igreja não deixou Júnior entrar de bermuda e ele improvisou uma saia com umas peças das meninas e assim entrou para ver o ouro estampado no teto e nas paredes.

À noite fomos para a boite “A Moenda”, sob os olhares perspicazes do coronel, que se tornara mais benevolente durante esses dias de farra estudantil. Bebíamos, dançávamos e fumávamos, desde que tudo fosse dentro das regras de civilização. A melhor parte foi quando as dançarinas nos levaram para o palco.

A filha do coronel, Lílian, minha colega de turma, e eu tentávamos passar por turistas, arrastando um inglês macarrônico, mas quando chegávamos perto dos turistas reais, mudávamos para o português, naturalmente para evitarmos o ridículo.

Utilizávamos uma máquina fotográfica descartável da Kodak, cujas fotos não sei mais onde estão. Que pena!

Depois passamos pelos vestibulares da vida e nos perdemos de vista.