NAVEGANDO PELA VIDA

NAVEGANDO VIDA AFORA
Digamos que passamos nossa vida navegando sobre o leito de um rio, a partir de um pequeno regato cuja água pura e cristalina, brota do ventre da terra. Iniciando nossa trajetória rumo ao oceano em busca do nosso ideal.
Com muita simplicidade começamos a navegar em um barquinho de papel construído de sonhos, desejos e fantasias. Na medida em que o regato vai recebendo seus afluentes, se tornado mais caudaloso, da mesma forma nossa vida também começa a ser influenciada serpenteando em seu leito, deslizando ora entre os espinhosos obstáculos das serras e montes, ora na lentidão das planícies.
Com o decorrer do tempo vamos sendo envolvidos por detalhes inesperados e imprevistos, às vezes alheios a nossa vontade; detalhes estes, alguns, nos marcado profundamente, outros sem muita importância, superada pela força jovial que possuímos.
Do barquinho de papel passamos ao caiaque, logo após trocado por uma embarcação maior, mas sempre direcionado ao mar, obrigatoriamente rumo ao nosso ocaso. O tempo corre, e juntos também corremos. As lembranças que logicamente vão se aglomerando ao longo do percurso, abarrotam de saudades e recordações inundando a alma da gente, chegando a transbordar invadindo o coração. Nesta altura dos acontecimentos somos tomados por um enorme saudosismo e um desejo de esquecer que somos adultos, nos tornado a criança que fomos um dia par devotarmos um grande amor pela terra onde nascemos, revivendo cada passo pelas trilhas por onde andamos, julgando não haver no mundo nem um torrão tão belo quanto aquele do nosso mundo criança. Ai percebemos que somos refém da saudade por cultivar um sentimento irretornável, com a certeza de um tempo que se foi e não será jamais retroagido, senão imaginariamente em sonhos. Percebe-se que nossa meta está na reta final prestes ao inevitável desembarque no mar da vida
Não sei se serei eu, um caso isolado, ou se tal situação faz parte da vida de todos os idosos. Permita-me Deus que minhas tolices sejam apenas formas psíquicas criados pelos recursos da mente preenchendo o vazio que afeta o idoso. Ao contrário terei que buscar formas de cura para esta síndrome que se instalou em mim.
De qualquer forma resta-me agradecer a Deus, que me permitiu navegar por 76 anos sem que meu barco tenha se desviado a deriva. Rogando-lhe mais bênçãos para que movido pela fé professada a ele, meu roteiro seja concluído com amor e dignidade.
Geraldinho do Engenho
Enviado por Geraldinho do Engenho em 02/09/2018
Reeditado em 04/09/2018
Código do texto: T6437375
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