O meu afilhado, o Baguaçú-da-Mata

É dificílimo, talvez mesmo impossível, prevermos onde nossas escolhas e decisões irão nos levar, as experiências que vivenciaremos decorrentes dessas ações. No dia 24 de setembro de 2016 eu estava morrendo de preguiça. Tudo o que eu desejava era ficar em casa lendo algum livro gostoso. Porém, lá estava aquele convite me provocando. Era a data da inauguração do parque Jardim Botânico de Florianópolis. Uma área verde urbana que deu o que falar e por muito pouco não virou mais um loteamento para um caríssimo condomínio ou outro empreendimento qualquer. Deixei a preguiça de lado e fui lá conferir o evento, mostrar que a preservação da natureza é sim um grande interesse público.

Foi um evento importante, muita política por trás, mas ao mesmo tempo um marco para a cidade que neste dia garantia uma área verde tão central e fundamental junto ao manguezal do Itacorubi. Houve choro, aplausos, discursos e reportagens. Tudo passou e a partir deste dia, tornei-me frequentadora do Jardim Botânico. Só este fato já valeria como resultado da empolgação que tomou conta de mim ao participar de sua inauguração. Senti-me história viva de Florianópolis.

No entanto, a vida segue e nossas escolhas e decisões continuam a moldar nossas vidas. Em fevereiro de 2018, juntamente com mais três amigos criamos o grupo Árvores Arteiras com a finalidade de incentivo ao plantio de arvores principalmente em regiões urbanas desgastadas ou ociosas. Uma ação que implementei e que me fez enveredar por rumos fantásticos com desdobramentos incríveis em minha vida. Mas estou concentrando esta história no meu querido Jardim Botânico.

Uma das Árvores Arteiras me enviou informação sobre um mutirão de plantio de árvores nativas a se realizar no dia 9 de junho de 2018 para a implantação do Arboreto. Lá me toquei eu, bem faceira, para representar o grupo das Árvores Arteiras neste evento lindo. Realmente, foi emocionante participar com outras pessoas que responderam ao convite e, sob a coordenação da FLORAM e o pessoal do Jardim Botânico, plantar fantásticos pés de árvores nativas que eu jamais havia sequer ouvido falar. Plantamos muitas mudas e o Arboreto está lá para a visitação pública e a preservação destas espécies. Eu tive a honra de plantar um formoso pé de Baguaçú-da-Mata (Magnolia ovata)! Quanta emoção. Ajudei a plantar várias outras mudas.

Os participantes deste plantio foram reconhecidos com o recebimento de um Certificado de Guardiões do Patrimônio da Humanidade e eu virei oficialmente guardiã e madrinha do Biguaçú-da Mata que plantei no Arboreto do Jardim Botânico. Plantar árvores é uma sensação indescritível, faz nos sentirmos mais do que nunca conectados à natureza e parte da verdadeira Vida da cidade onde moramos!

Agora, sempre que vou ao Jardim Botânico, visito o meu afilhado, o Baguaçú-da-Mata. Tiro fotos com ele e as posto em redes sociais para meus amigos conhecerem o meu afilhado. Quando encontro amigos no Jardim Botânico, eu os levo lá para o conhecerem. Sinto-me para lá de orgulhosa e faceira, afinal, não é todo mundo que tem um afilhado que mora no Jardim Botânico!

Se prestarmos atenção as nossas escolhas, elas nos levarão certamente a momentos de grande alegria... Jamais no dia 24 de setembro de 2016, quando resolvi ir à inauguração do Jardim Botânico, eu imaginaria quantas emoções e experiências fabulosas eu viveria por lá... e as que ainda estão por vir!!!