EU SEX……AGENÁRIO

Eu Sex……agenário

 

Aos sessenta anos de idade, parei alguns minutos para uma reflexão. O que em meu caso não é algo muito simples de se fazer, no decorrer da leitura deste texto, caro leitor, entenderá o porquê. Certamente, tenho mais passado do que futuro, mas posso sorver o que ainda me falta do caminhar com um pouco menos de sofreguidão. Com a idade vão chegando algumas limitações e fatalmente mais tempo ocioso, o que nos obriga a pensar e nos credita correr menos. Vivi intensamente todos os dias como se não houvesse amanhã, isso faz parte de um ser humano com minhas características. Sei que encantei muitas pessoas com minha proatividade, porém pela mesma razão, decepcionei várias outras.

O impulso muitas vezes foi aliado da tentativa de manter o prazer pela vida ou uma vida de prazer. Consegui ter uma jornada bem produtiva, trabalhei bastante, estudei alguns anos, pratiquei uma infinidade de esportes e desfrutei de muito lazer. Em boa parte de minha vida acumulava diversos afazeres como: empregado estatal, dirigir três empresas, plantar lavouras e frequentar por 6 anos a faculdade. Aposentei-me aos 46 anos por causa do trabalho em área de risco e depois me formei em letras. Meus dias fora da labuta sempre foram muito cheios de atividades e quase não parava para descansar ou dormir.

Na busca de me conhecer melhor, descobri que era portador do transtorno do déficit de atenção e hiperatividade (TDAH). O que era uma suspeita se confirmou, infelizmente essa minha condição incomodou muito mais a outras pessoas do que a mim mesmo, o que tornou um tratamento quase impossível ou desnecessário segundo a minha parca percepção. Quase sempre estive ligado em 220V como dizem alguns - deve ser o efeito de ter trabalhado quase 30 anos com extra alta tensão na CEMIG. Uma boa desculpa para culpar outrem pelas minhas deficiências. Demorei muitos anos para entender a quietude das pessoas ao meu redor, o que destoava muito da minha forma de agir. Raramente eu me percebia acelerado, mas em alguns semelhantes até conseguia captar esta característica. Isso acontecia quando convivia com uma pessoa ainda mais elétrica. Pode acreditar, essa mistura casual provocou enormes curtos-circuitos, hora irradiando iluminação e outras horas grandes apagões.

Até o presente momento não recorri a medicamentos como suporte, pois sempre consegui retroalimentar essa minha tendenciosa inquietude. Sei que terei uma eternidade de imobilidade na cidade dos pés juntos, onde todos os estímulos estarão desligados. Ainda assim, daqui em diante, desejo ser um pouco mais consciente de minhas mazelas. Espero conseguir gerir o que resta de minha estadia neste planeta de uma forma mais plena e com mais “pause”. Já duvidando e entendendo minha limitada atenção, comichões e compulsões cabe um: será?

Quanto de mudança serei capaz de suportar e internalizar? Revisemos os freios e sigamos a viagem!

 

Kennedy Pimenta 🌶️