O ADEUS DA LIVRARIA SEBO BRANDÃO

 

À Heloisa Viana.

 

 

 

 

Durval Carvalhal

 

 

 

 

O ADEUS DA LIVRARIA SEBO BRANDÃOO ADEUS DA LIVRARIA SEBO BRANDÃO

 

 

 

 

 

Livraria Brandão Sebo - Tancredo Neves, Salvador, BA - Apontador

 

 

 

 

          Ainda era jovem ginasiano quando, em 1969, a livraria Sebo Brandão Bahia foi aberta em Salvador na rua Ruy Barbosa, centro histórico da capital, para negociar obras livrescas diversas, inclusive raras e em vários idiomas.

 

          Era a grande alternativa didático-cultural para pessoas carentes de recursos, posto que livros e materiais escolares eram de segunda mão, cujos preços eram bem inferiores aos praticados nas livrarias tradicionais.

 

          Depois de 55 anos de existência, a Sebo Brandão, símbolo cultural da cidade, fecha suas portas, entristecendo milhares de pessoa que nos abastecíamos naquela relevante casa cultural.

 

          Eurico Bezerra Brandão, pernambucano, figura culta, educada e aconchegante, nos atendia da melhor maneira possível, impedindo que o cliente saísse sem ultimar seu negócio.

 

          Com saúde debilitada e idade já avançada, mais de 90 anos, ficou sem opção familiar para escolher um novo gestor depois da morte sua filha, Vera, para administrar mais de 500 mil volumes na sua vasta operação de compra, venda e troca de livros.

 

          Ao longo do tempo, fui assíduo cliente de “Brandão”; acredito ter comprado mais de 1000 livros, a maioria ainda enriquecendo minha modesta biblioteca. Dois desses livros são de importância histórica para mim, e os guardo com todo carinho.

 

          Ei-los:

 

          1) “O Inglês Eletrônico” comprado há mais de 50 anos. Sem condição financeira para custear qualquer curso de inglês, julguei, naquela época, ser possível estudar sozinho e aprender a língua inglesa em um livro robusto, sem pronúncia e sem tradução. Ledo engano!

 

          2) “Análise e interpretação da Obra Literária”. Na época, idos de 1990, após ter concluído duas disciplinas do Mestrado em Literatura da UFBA como “aluno especial”, comprei os dois volumes por dois salários mínimos; ao estranhar o preço absurdo, ele ponderou educadamente:

 

          “É o preço da raridade!"

 

          Como eu estava determinado, paguei caro pelos dois volumes bem velhos da raridade livresca. Coisas da vida, não é?

 

         Muito grato, caro Brandão! Você foi fantástico; sua contribuição, inestimável; e seu alto valor, indelevelmente, ficará na mente do povo da Bahia.

 

 

Históoria do Sebo: https://g1.globo.com/ba/bahia/video/conheca-a-historia-do-emblematico-sebo-brandao-em-salvador-4056599.ghtml

Durval Carvalhal
Enviado por Durval Carvalhal em 20/04/2024
Reeditado em 20/04/2024
Código do texto: T8046135
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