Adeus
Descia a lua suave sobre as águas, naquela noite, onde as estrelas cintilavam no céu, trazendo à terra o brilho fulgurante de seus raios luminosos e vivificantes.
E eu caminhava absorta, perdida entre um pensamento de amor e uma rósea esperança.
Ao longe, teus olhos negros fitavam meu rosto, iluminado na luz plácida do luar, enquanto no peito o coração se agitava num redemoinho de dor e desespero, pensando em mim e no meu amor.
Teu olhar tinha a suavidade das brumas da tarde, quando soprava as folhas do sicômoro, mas trazia o brilho fulgurante de uma alma profunda e apaixonada.
E eu te amava, sim, eu te amava. E era grande o meu amor por ti...
Quando sob a luz das estrelas caminhávamos, perdidos em pensamentos e sonhos, fundiam-se no espaço o brilho áureo do fogo ardente, porém de suavidade profunda e inimaginável, que nos devorava alma.
Como eu amava o teu olhar, o teu negro olhar, que via além dos horizontes purpúreos do anoitecer, que se enchia de ternura somente por amar. E foras tudo, o sonho e a vida, a esperança e a saudade...
A saudade... Quando partistes, me deixaste com a alma dilacerada e infinitamente triste.
Esperei por ti em cada vagar de vento, em cada estrela cadente, em cada brisa da noite e não regressaste... Partiras e nunca regressaste...
Disseste-me adeus numa tarde de sol causticante, como seu sempre amei e, num sorriso de quem ama profundamente, fechaste mansamente os teus lindos olhos negros, que eu infinitamente amei e apenas roçastes, ainda, o teu olhar no meu e, depois, tudo se esmaeceu...
As nossas estrelas tornaram-se, então, silenciosas e tristes, o céu do deserto perdera a sua resplandecência no teu olhar que se apagava, como se nele mil estrelas juntas se matassem.