Adeus

Descia a lua suave sobre as águas, naquela noite, onde as estrelas cintilavam no céu, trazendo à terra o brilho fulgurante de seus raios luminosos e vivificantes.

E eu caminhava absorta, perdida entre um pensamento de amor e uma rósea esperança.

Ao longe, teus olhos negros fitavam meu rosto, iluminado na luz plácida do luar, enquanto no peito o coração se agitava num redemoinho de dor e desespero, pensando em mim e no meu amor.

Teu olhar tinha a suavidade das brumas da tarde, quando soprava as folhas do sicômoro, mas trazia o brilho fulgurante de uma alma profunda e apaixonada.

E eu te amava, sim, eu te amava. E era grande o meu amor por ti...

Quando sob a luz das estrelas caminhávamos, perdidos em pensamentos e sonhos, fundiam-se no espaço o brilho áureo do fogo ardente, porém de suavidade profunda e inimaginável, que nos devorava alma.

Como eu amava o teu olhar, o teu negro olhar, que via além dos horizontes purpúreos do anoitecer, que se enchia de ternura somente por amar. E foras tudo, o sonho e a vida, a esperança e a saudade...

A saudade... Quando partistes, me deixaste com a alma dilacerada e infinitamente triste.

Esperei por ti em cada vagar de vento, em cada estrela cadente, em cada brisa da noite e não regressaste... Partiras e nunca regressaste...

Disseste-me adeus numa tarde de sol causticante, como seu sempre amei e, num sorriso de quem ama profundamente, fechaste mansamente os teus lindos olhos negros, que eu infinitamente amei e apenas roçastes, ainda, o teu olhar no meu e, depois, tudo se esmaeceu...

As nossas estrelas tornaram-se, então, silenciosas e tristes, o céu do deserto perdera a sua resplandecência no teu olhar que se apagava, como se nele mil estrelas juntas se matassem.

Arádia Raymon
Enviado por Arádia Raymon em 18/01/2008
Reeditado em 07/06/2008
Código do texto: T821868
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