Minha menopausa - cap II
Ai! Que maravilha!


Bem, pelo jeito, gostaram do primeiro texto "Minha menopausa - A que vim" que eu publiquei (Eu, Dona Menô, publiquei. Não a doutorinha, que jamais tem algum problema de saúde). 

O primeiro comentário foi de um homem (que meigo...). Alguém falou para eu comentar sobre coisas boas. Outra disse para eu continuar meus textos, e até se sentiu na minha "pele".

Vou falar aqui exatamente da MINHA realidade, tá bem?!

O começo da menô foi legal. Imaginem o que é ficar sangrando anos a fio, todos os meses... Naquela época a gente não tinha essa de parar de menstruar com hormônios, como se faz agora. Até porque eu nunca gostei de remédios, químicas.

Eu não queria, e não tomei, jamais uma pílula anticoncepcional na vida... Talvez tenha sido o meu bem, não o meu mal. Acho legal tomarem anticoncepcionais, até recomendo, mas eu não tinha estrutura pra hormônios. Uma coisa é indicação, outra é contraindicação. Eu não tinha indicação favorável para hormônios femininos combinados, ainda mais na dose enorme que havia nos antigos anticoncepcionais.

Foi um tal de me virar pra não engravidar que era um horror! Eu agradecia a Deus quando vinha o sangramento ou quando eu encontrava um namorado estéril... Até esperava que o cara fosse impotente. Assim, nem em pensamento...

Houve épocas que eu logo perguntava, depois de saber o nome e sobrenome: "Você é vasectomizado?!".

Tão pensando que é brincadeira, né? Não... Essa era a primeira pergunta. A outra era quando ele tinha tomado banho...

Bem, voltando ao presente, agora mais pacata, eu comecei a observar que as regras não vinham mais...

Regras... Engraçado o termo... Nós mulheres somos regradas. Mesmo que não queiremos (conjugação horrível), somos regradas. Seguimos regras de educação na infância e na adolescência : "Cuidado! Você agora é mocinha. Pode engravidar!" - Como se a gente fosse começar a dar adoidado só porque menstruou.  E somos regradas na vida adulta: com métodos anticoncepcionais, com os meses de gestação, com a cozinha, com o marido, com a vida que rola lá fora e dentro de nós. Vivemos regras, ordens, tanto da imposição social, quanto da natureza. Isso nos faz mais adestradas e passivas ao tempo. Certo?!

Foi uma benção terem ido embora as regras... De vez em quando a menstruação vinha que vinha e encharcava os meus lençóis. Se alguém vir meu colchão, vai pensar que alguém foi assassinado algum dia nele... Mas era bom. Sempre foi bom menstruar. Era como se alguma coisa se limpasse por dentro.

Tá certo que era inconveniente: não gostavam de transar assim; a gente tinha cólicas horrorosas; ficava suja, "fedida" a sangue; ficava de mau humor (gerado por hormônios - uns que subiam, outros que baixavam); a gente se impedia de fazer as coisas ou, pelo menos, se reservava a ficar de molho por uns dias (porque aquilo ia passar).

Nos últimos anos a coisa ficou desregrada. Eu comecei a ter estes sangramentos aleatoriamente. O que era cíclico como um reloginho, a cada 28 dias, passou a ter longos atrasos. Eu sabia que tinha que procurar um médico, que provavelmente ia me dar hormônios pra controlar a coisa. Mas ainda bem que deu pra aguentar e não precisou... O ginecologista me perguntava: "E a hemorragia, Menô?". Eu dizia: "Ela vai bem, cada vez maior...".

Pior é que eu pensava que estava grávida todo mês. Uma posibilidade remota, mas existia, inclusive uma maior possibilidade de gêmeos. Sim!!! É como o afã de tudo que está acabando! A gente coloca tudo quanto é hormônio pra fora na tentativa de salvaguardar nosso corpo e manter sua função. Mas, com a idade, o corpo não é o mesmo; a gente produz mais hormônio numa hora e menos noutra. Nessa de produzir mais do que deve, podemos ter uma dupla ou tripla ovulação e a gente se estrepa.

Aí começou a fase de tomar pílula do dia seguinte... Era uma grandeza de remédios, que era pior do que tomar pílula anticoncepcional todo dia: cada comprimido de pílula do dia seguinte é equivalente a uma caixa (OU MAIS) de hormônios anticoncepcionais tomados de uma só vez...

Eu não sei se ficava feliz por não estar grávida ou se eu ficava triste porque minha fertilidade estava indo pro espaço... Não que eu quisesse engravidar (Sai, Satanaz!), mas era decepcionante saber, a princípio, que eu não poderia mais gerar.

Vocês acham isso anormal? Não é, não!!! Enquanto a gente pode ter filhos, é uma merda evitar. Quando a gente não precisa mais se preocupar com isso, vem uma melancolia FDP... 

Outra sensação que me veio à mente, quando me percebi na fase pré-menopáusica, é que eu estava realmente envelhecendo; o corpo me lembrava que eu não era mais a mesma; que fisicamente o tempo dali pra frente era menor. A falta de estrogênio (hormônio feminino) pode até causar um maior envelhecimento, mas, antes de mais nada, MENOPAUSA é APENAS consequência do envelhecimento, não a sua causa.

Aí, a menstruação natural nunca mais voltou... Deu uns pingos e coisa e tal, mas nada daquela cascata do Rio Iguaçu. Eu só me preocupava se a danada ia voltar justamente no dia do encontro com o Josualdo. Foram meses bons, maravilhosos. Nada de Modess...

Momento cultural

Chamamos erroneamente de "Modess" tudo quanto é absorvente externo para menstruação... Este absorvente, da Jhonson&Jhonson, sugiu na década de 1924, mas até a década de 70 a gente usava mesmo era toalhinhas de pano. Eu peguei isso... Era um tal de lavar paninho que era um nojo... Já havia absorventes vaginais desde a década de 30, mas como éramos todas virgens só havia um jeito: tapar por fora com paninho, e depois com os absorventes externos industrializados.

Pois é... Quando acabaram minhas regras, acabaram os "Modess". Mas agora até que estou voltando a usar, pois a incontinência urinária não me deixa!!! - outro problema da menô...

Ficar sem menstruar foi uma maravilha! Eu não me preocupava com absolutamnebte nada: sem sintomas, sem nenhuma alteração, até que a coisa mudou...

Querem que eu continue? Posso fazer o terceiro capítulo...

Beijos da DoNa MenÔ
http://www.clubedadonameno.com

Saibam mais sobre a história da Jhonson&Jhonson
http://aletp.com/2007/08/26/johnson-johnson-historia-da-marca/

Leila Marinho Lage
Enviado por Leila Marinho Lage em 07/02/2008
Reeditado em 10/02/2011
Código do texto: T848912
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