Cantadas

Todas as mulheres recebem cantadas. Mesmo as mais feias. E aqui, cabe alusão a uma piadinha que um grande amigo, Billy, meu irmãozão de ébano, conta com perfeição:

“O sujeito está no bar, bêbado, fim de noite e, pra não sair no cinco contra um, encosta na única mulher disponível, feia de dar dó:” – neste ponto, Billy imita um bêbado com enorme maestria.

“- Nossa! Como você é bonita! Bê-ú-cê-é-tê-á! Bo-ni-ta!!”

Não sou um mulherão, sou casada e não sou baladeira, o que me confere um brilho meio morno, diminuindo sensivelmente minha atratividade para o universo de mariposas de testosterona. Ainda assim, vez por outra me deparo com as armas verbais de sedução masculina. Sutis ou grosseiras, ingênuas ou ousadas, dúbias ou prosaicas, é claro que sorrio, o ego inflado, ao ouvir um “Você vem sempre aqui?”, “Posso sentar com você? Todas as mesas estão ocupadas” (não estão), “Você é linda”, “Você fica ótima neste vestido!”, “Que perfume gostoso!” e a melhor de todas: “Sorri desse jeito de novo, por favor!”.

Porém, de todas as cantadas que já levei em minha vida, as três melhores foram ainda quando solteira, nenhuma delas teve sucesso, mas jamais me esqueci. Talvez, como as grandes propagandas na TV, elas ficaram gravadas na memória, mas eu jamais comprei o produto que elas vendem.

Vamos a elas...

Numa ocasião, um sujeito, ao me ver ao lado do meu namorado na época, sansei, com todas as características orientais das quais eu não tenho nenhuma, perguntou, na maior desfaçatez:
- O seu irmão – e apontou pra ele - não vai se importar se eu convidá-la pra sair?
Até hoje, rio ao lembrar da cara do meu “irmão”.


Outra: num passeio na chácara de amigos, o cara me fez uns elogios. Respondi, querendo cortar o assunto:
- Obrigada pela parte que me toca.
Ele respondeu, mais do que prontamente:
- Se você deixar, todas as partes te tocam.
Não deixei, mas que ele foi bem espirituoso, foi.


E a melhor de todas:
Na praia, enquanto eu passava:
- Que é um violão, é... Agora, só falta tirar o maiô pra ver onde estão as cordas.
Não mostrei as cordas, mas não pude evitar de exibir os dentes num sorriso muito espontâneo.

Quem não sorriria que atire a primeira pedra.

Ai, marido! Você, não, né?!